quinta-feira, 13 de junho de 2024

El Niño acaba, mas Brasil pode sofrer com La Niña nos próximos meses; entenda

 


Barcos ficaram presos em seca no Norte. Foto: reprodução

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) anunciou o fim do fenômeno El Niño em um boletim divulgado na última quarta-feira (12). O fenômeno é caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas do oceano Pacífico equatorial e causa mudanças climáticas significativas globalmente. No Brasil, El Niño resultou em um clima seco no Norte e Nordeste e aumento das chuvas no Sul, além de ondas de calor acima da média desde o início de 2023.

Agora, outro fenômeno climático está se aproximando: o La Niña, que apresenta efeitos opostos aos do El Niño, diminuindo a temperatura das águas do Pacífico. Segundo o Inmet, projeções do Instituto Internacional de Pesquisa sobre Clima e Sociedade da NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA) indicam que há 69% de probabilidade de formação do La Niña até setembro.

Com isso, espera-se chuvas acima da média nas regiões Norte e Nordeste e abaixo da média nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil a partir de outubro, além de um frio mais intenso.

“O fenômeno deve se desenvolver na segunda metade deste ano. Então, ainda é difícil saber com precisão quais serão os impactos na temperatura e nas chuvas, porque isso vai depender de fatores como onde se localizarão as maiores anomalias de temperatura no oceano Pacífico, como será a configuração do oceano Atlântico e outros fatores”, explicou Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operações e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Desastres Naturais (Cemaden), em entrevista à Folha.

Cidades no Rio Grande do Sul alagadas por excesso de chuvas. Foto: reprodução

Um dos locais que mais sofrem com o La Niña é o Pantanal, no Mato Grosso do Sul, bioma frequentemente afetado por secas e incêndios florestais. Este ano, a atenção das autoridades climáticas já está voltada para essa região. A bacia do rio Paraguai, que forma o Pantanal, continua em situação de seca na principal estação de monitoramento em Porto Murtinho.

“Espera-se uma situação de degradação da vegetação e risco alto de incêndios para o período final da estação seca”, afirmou Seluchi.

O boletim, elaborado em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), analisou os principais efeitos do El Niño no Brasil desde o início de 2023.

Segundo o relatório, o El Niño deste período foi classificado como de intensidade moderada a forte e, embora não tenha sido o mais intenso já registrado, seus impactos foram significativos e variados nas diferentes regiões do país.

O monitoramento realizado de junho de 2023 a abril deste ano observou um aumento das áreas com seca e uma mudança na gravidade da seca de fraca para extrema em algumas áreas da região Norte. No Nordeste, houve áreas com seca grave, que começaram a retroceder a partir de março de 2024, mas que atualmente já apresentam chuvas de moderada a forte intensidade.

Fonte: DCM

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