Economista afirma em entrevista à TV 247 que a manutenção dos juros altos faz necessária uma investigação séria contra o BC. Assista
O economista Paulo Nogueira Batista fez duras críticas, em
entrevista à TV 247, à atual política monetária do Banco Central e à sua
suposta autonomia. Ele destacou a necessidade de maior transparência e
alinhamento com o governo eleito pelo povo, após a autoridade monetária decidir
manter a taxa Selic em 10,5%, encerrando um longo ciclo de cortes moderados nos
juros básicos.
Segundo ele, a taxa de juros atual é exorbitante e não há
fundamentos para sustentá-la, tendo em vista que a inflação gira em torno de
4%. "Está certamente entre as maiores taxas de juros do mundo. Isso tem
consequências macroeconômicas e sociais bastante importantes, pode ajudar a
combater a inflação, mas há um custo alto em termos de dinamismo econômico, em
redução de investimentos, desequilíbrio das contas públicas do governo. É
também um mecanismo de concentração de renda. É o paraíso dos rentistas, é uma
bolsa família gigantesca para os super ricos. Anula boa parte do esforço que se
faz para melhorar a distribuição de renda", analisou o economista.
Nogueira expressou sua oposição à suposta autonomia do Banco
Central, especialmente com mandatos não coincidentes com o do presidente da
república, conforme estabelecido por lei em 2021. Os antagonismos gerados pela
indicação do bolsonarista Roberto Campos Neto para comandar o BC, feita por
Jair Bolsonaro, eram inevitáveis, apontou.
"Eu sempre fui contra essa autonomia do Banco
Central, sobretudo com mandatos não coincidentes com o do presidente da
república, que foi o que fizeram na lei complementar de 2021. Então o
presidente eleito é obrigado a conviver com o indicado pelo seu antecessor por
dois anos. É sempre um problema. Em um quadro de polarização política, é um
problema enorme, porque a falta de sintonia entre a autoridade monetária e o
governo eleito é aguda", disse.
Para Nogueira, os novos indicados pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva devem promover mudanças significativas na
instituição. "Os indicados pelo Lula têm que entender que não é para
continuar do mesmo jeito. Temos que abrir a caixa-preta do BC, que não tem
transparência, que não explica o que acontece lá dentro. Não se explica porque
tem que ter essa taxa de juros".
Assista na TV 247:
Nenhum comentário:
Postar um comentário