Intercâmbio bilateral é marcado pelo florescente relacionamento regional entre a China e a América Latina
Global Times - China e Brasil construíram uma relação
próxima nas últimas cinco décadas que é "complementar e integrada" em
múltiplos setores econômicos, disse Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de
Desenvolvimento e ex-presidente do Brasil, em uma entrevista exclusiva ao
Global Times.
Ela observou que o intercâmbio político e
econômico entre os dois países também é marcado pelo florescente relacionamento
entre a China e a América Latina.
"China e Brasil se entendem em um mundo multipolar. Temos
muitos entendimentos comuns, por exemplo, na garantia de um desenvolvimento que
seja sustentável e que proteja o clima, e um desenvolvimento que seja centrado
nas pessoas e contra as desigualdades. A coisa mais importante agora é que nós
[ambos como países em desenvolvimento] podemos contribuir para a governança
global e criar condições para construir uma comunidade com um futuro
compartilhado", disse Rousseff.
As declarações foram feitas durante a visita oficial do
vice-presidente brasileiro Geraldo Alckmin à China, de terça a sábado. Este ano
marca o 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre China
e Brasil, e as duas partes concordaram em realizar a reunião do Comitê de
Coordenação e Cooperação de Alto Nível China-Brasil para discutir a expansão da
cooperação bilateral, segundo o Ministério das Relações Exteriores da China.
"China e Brasil são parceiros estratégicos abrangentes. As
relações entre os dois países têm registrado um crescimento contínuo e
constante nos últimos anos, com frequentes visitas de alto nível, cooperação
frutífera em várias áreas e estreita coordenação em assuntos internacionais e
regionais, estabelecendo um excelente exemplo de grandes países em
desenvolvimento trabalhando juntos em solidariedade para o desenvolvimento
comum", disse Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da
China, em uma coletiva de imprensa regular na semana passada.
De acordo com Rousseff, há também uma "marca" de
cooperação regional que está moldando o desenvolvimento das relações bilaterais
entre China e Brasil.
O ano de 2024 é o 10º aniversário da criação do Fórum
China-Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), um
mecanismo marco que facilita as relações China-América Latina para uma nova
era, caracterizada por igualdade, benefício mútuo, inovação, abertura e
benefícios tangíveis para o povo.
Rousseff observou que China e Brasil fizeram grandes
investimentos conjuntos em áreas como satélites e energia, e que a China
investiu muito na exploração de petróleo bruto e gás natural no Brasil.
"Voltando ao ano de 2004, houve dois acontecimentos
importantes: o primeiro é que o Brasil reconheceu a China como um mercado
econômico após a entrada da China na OMC em 2001. O segundo é que uma empresa
chinesa ganhou um contrato para construir um gasoduto de 1.000 quilômetros que
ligava as regiões sudeste e nordeste do Brasil", disse Rousseff.
Para a economia brasileira, a contribuição da China é
muito importante, ressaltou Rousseff, exemplificada pelas enormes importações
de produtos de proteína brasileiros, como carne bovina, frango e carne suína,
bem como pelo investimento chinês em setores como novas energias,
farmacêuticos, produção de vacinas e biotecnologia - entre outros - que
facilitam o novo impulso de industrialização do Brasil.
A China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil por 15
anos consecutivos, e o Brasil é atualmente o nono maior parceiro comercial da
China. No ano passado, o comércio bilateral entre China e Brasil expandiu 6,1%
em relação ao ano anterior, atingindo US$ 181,5 bilhões, mostraram dados da
alfândega.
Espera-se que as exportações do Brasil para a China possam
chegar a US$ 103,4 bilhões até 2030, segundo um relatório do Conselho
Empresarial Brasil-China.
Entre os principais produtos exportados pelo Brasil para a
China, soja, petróleo bruto e minério de ferro são os três principais,
representando quase 80% do total das exportações do Brasil para a China, com as
exportações de carne bovina e celulose também mantendo uma expansão estável nos
últimos anos, de acordo com o relatório. No ano passado, as exportações de
algodão do Brasil aumentaram 1.295% e 1.288% em termos de valor e volume de
exportação, tornando-se o sexto maior produto de exportação.
Espera-se que os dois países continuem a aprofundar a
cooperação em agricultura, biorrefinarias, produção de fertilizantes orgânicos,
inteligência artificial e robótica, disse ela, acrescentando que o enorme
mercado chinês também é um atrativo para as empresas brasileiras.
Fonte: Brasil 247 com informações do Global Times
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