Dois novos estudos associam o preparo da comida com ganhos para a saúde; confira as estratégias para incluir as panelas na correria do cotidiano
Por Regina Célia Pereira, da Agência Einstein - Não é preciso ser chef de cozinha. Basta um punhado de empenho
com pitadas de interesse para incluir a culinária no dia a dia e encher o
cardápio de nutrientes e outras substâncias protetoras. Dois estudos,
recém-publicados, chegam para atestar os benefícios da comida caseira.
Um deles, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da
Universidade de São Paulo (Nupens/USP), mostra que a
dedicação ao preparar o jantar em família contribui para o maior equilíbrio no
prato. “Quando os pais passam mais de duas horas no preparo, seus filhos tendem
a comer mais vegetais e peixes”, comenta a nutricionista Carla Adriano Martins,
uma das autoras do artigo e professora da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Para chegar ao resultado, os pesquisadores coletaram, por meio
de entrevistas telefônicas, informações sobre a alimentação de 595 famílias na
cidade de São Paulo.
A outra pesquisa, uma revisão publicada no periódico Nutrition, encontrou
resultados similares. Para seu mestrado, na Universidade de Valência, na
Espanha, a nutricionista Juliana Watanabe esmiuçou dezenas de estudos na
literatura científica, e uma das conclusões é que o hábito de cozinhar em casa
favorece a adesão aos padrões alimentares considerados mais saudáveis, caso da
Dieta Mediterrânea e da Dash, uma dieta criada nos Estados Unidos para combater
a hipertensão arterial. “É preciso estimular as habilidades culinárias,
sobretudo entre as populações mais jovens”, diz Watanabe.
“Pela escassez de tempo, hoje se vê um alto consumo de produtos
ultraprocessados, que, além de
práticos, costumam carregar o excesso de gordura, açúcar e sódio”, observa a
nutricionista Fabiana Rasteiro, do Hospital Israelita Albert Einstein. Diversos
trabalhos mostram que o exagero desse trio aumenta o risco de doenças crônicas,
caso da obesidade, das doenças cardiovasculares e do diabetes.
Para não sobrecarregar ninguém, cada integrante pode ficar
responsável por uma das etapas do processo. “Desde a definição do cardápio até
fazer a comida, passando pela ida às compras, a arrumação da mesa e a limpeza
da louça”, sugere Rasteiro, nutricionista do Einstein.
Planejamento para
comer bem - As especialistas
ouvidas pela Agência Einstein são
unânimes em dizer que o segredo para uma boa alimentação é o planejamento.
“Inclusive, existe um movimento conhecido como batch cooking, que
é preparar todas as refeições da semana em um só dia”, conta a pesquisadora
Juliana Watanabe. Além de cozinhar e congelar, o processo engloba lavar, secar e guardar verduras, legumes
e frutas, de preferência envolvidos em papel toalha, para manter a
consistência.
A nutricionista do Einstein conta que é fã de ervas desidratadas
para temperar os pratos. Já a professora da UFRJ destaca o uso de boas
ferramentas. “A panela de pressão é um belo exemplo, pois ajuda a economizar
tempo e gás”, diz. “Só vale redobrar os cuidados com a limpeza e se atentar à
manutenção”, avisa. Assim se garante o feijão de todos os dias.
Uma dica de Fabiana Rasteiro é começar com receitas mais
simples e ir se aprimorando ao longo do tempo. “Depois de ganhar segurança, dá
para se aventurar em pratos mais elaborados”, propõe.
“Outra recomendação é incluir aulas para
desenvolver as habilidades culinárias nos currículos escolares”, sugere Juliana
Watanabe, que está envolvida em projetos desse tipo. Segundo ela, quanto mais
cedo se botar a mão na massa, melhor. A criançada (e a família) ganha em sabor
e saúde!
Fonte: Brasil 247 com Agência Einstein
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