"A manutenção do ritmo de corte nos juros seria o correto, pois contribuiria para mitigar o custo financeiro suportado pelas empresas e pelos consumidores", defende a confederação
A Confederação Nacional da
Indústria (CNI) divulgou uma nota criticando a decisão do Comitê de Política
Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa Selic em 10,5% ao ano.
Segundo a entidade, a medida é "inadequada e excessivamente conservadora",
representando um obstáculo ao crescimento econômico do país.
"A manutenção do ritmo de corte na Selic seria o
correto, pois contribuiria para mitigar o custo financeiro suportado pelas
empresas e pelos consumidores, sem prejudicar o controle da inflação",
afirmou o presidente da CNI, Ricardo Alban.
A decisão de interromper o ciclo de cortes na Selic, iniciado em
agosto do ano passado, foi unânime entre os membros do Copom. Em comunicado, o
Comitê justificou a medida destacando o cenário global incerto e a resiliência
da atividade econômica doméstica, além da elevação das projeções de inflação e
das expectativas desancoradas que demandam maior cautela.
IMPACTOS ECONÔMICOS - A CNI argumenta que a manutenção da Selic em 10,5% impõe
restrições adicionais à atividade econômica, com reflexos negativos sobre o
emprego e a renda. Com a taxa mantida nesse patamar, a taxa de juros real – que
desconta a inflação esperada para os próximos 12 meses, de 3,6% – fica em
6,64%, ou seja, 2,14 pontos percentuais acima da taxa de juros real neutra,
estimada pelo Banco Central em 4,5% ao ano. Esse patamar coloca a taxa de juros
real do Brasil como a segunda maior do mundo, atrás apenas da Rússia.
Mesmo se o Copom tivesse reduzido a Selic em 0,25 ponto
percentual, a taxa de juros real ainda estaria em 6,4% ao ano, mantendo uma
política monetária fortemente contracionista, segundo a CNI.
PREVISÕES DE
CRESCIMENTO - A entidade destacou que essa
política monetária restritiva afetará o crescimento do Produto Interno Bruto
(PIB). As previsões indicam que o crescimento do PIB brasileiro será menor este
ano do que em 2023. Enquanto o crescimento observado no ano passado foi de
2,9%, a previsão para 2024, segundo o Relatório Focus, é de 2,08%. O Fundo
Monetário Internacional (FMI) projeta um crescimento do PIB brasileiro de 2,2%
em 2024, comparado à média de 4,2% dos países em desenvolvimento.
DINÂMICA INFLACIONÁRIA - A
CNI também questionou a justificativa do Banco Central relacionada à inflação.
A recente aceleração dos preços em maio e a elevação das expectativas para 2024
são vistas como movimentos temporários que não configuram uma mudança
estrutural na dinâmica dos preços. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) vinha desacelerando desde outubro de 2023, com o acumulado em 12
meses até abril de 2024 registrando 3,7%, abaixo dos 4,6% acumulados até
dezembro de 2023. Em maio, o índice acumulado em 12 meses acelerou para 3,9%,
influenciado principalmente pelo grupo alimentação.
As expectativas de inflação para o final de 2024, que
estavam em queda e chegaram a 3,7% em abril, voltaram a crescer, atingindo
3,96% na última publicação do Relatório Focus. A CNI destacou que espera-se que
o IPCA de 2024 termine abaixo do observado em 2023 e dentro do teto da meta
para o ano, de 4,5%.
Fonte: Brasil 247
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