O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro,
afirmou à Polícia Federal que entregou parte do dinheiro obtido com a venda
ilegal de joias ao próprio ex-presidente durante viagem oficial a Nova York,
nos Estados Unidos. Os valores foram entregues em espécie em setembro de 2022,
segundo o militar. A informação é da coluna de Igor Gadelha no Metrópoles.
Cid relatou que o dinheiro foi dado a Bolsonaro durante
a viagem em que o então presidente fez seu seu último discurso como mandatário
na Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Ele ainda contou
que os relógios recebidos de presente foram vendidos por cerca de US$ 68 mil
(cerca de R$ 370 mil na cotação atual).
O valor da venda do item foi depositado inicialmente na
conta do pai dele, o general da reserva Mauro Lourena Cid, que comandava o
escritório da Apex (Agência Brasileira de Promoção e Exportações e
Investimentos), em Miami, à época.
Seu pai então teria sacado o dinheiro de forma
parcelada, por conta do limite baixo para saques em caixas eletrônicos, e
viajado para Nova York na ocasião para levar as notas a ele. Na cidade, Lourena
encontrou o filho, que acompanhava Bolsonaro no evento da ONU e repassou o
valor a ele.
A informação foi passada à Polícia Federal em depoimentos nos últimos
meses e reforçada na oitiva desta segunda (18), criada para buscar
esclarecimentos sobre a nova joia descoberta nos Estados Unidos por policiais
federais.
Após fechar acordo de delação premiada com a PF, Cid
também contou que o próprio ex-presidente teria pedido para vender alguns
presentes que considerava parte de seu acervo pessoal e que parte dos recursos
obtidos com as vendas foi entregue a ele já em 2023 em Orlando, cidade onde se
refugiou após o fim de seu mandato.
Na entrega do ano passado, o segundo-tenente Osmar
Crivelatti, que também foi ajudante de ordens de Bolsonaro no Palácio do
Planalto, teria sido responsável por receber os valores.
O advogado e assessor de Bolsonaro, Fábio Wajngarten,
nega que ele tenha mandado vender qualquer item ou recebido qualquer valor das
negociações. Ele ainda diz que Cid foi pressionado a fechar acordo de delação
premiada com a PF porque estava preso. “Quem acusa tem que provar”, completou.
Fonte: DCM
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