Decisão
de retirar sigilo foi tomada em resposta às publicações jornalísticas que
divulgavam informações fragmentadas sobre os depoimentos do réu
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
(STF), retirou o sigilo da delação premiada do ex-policial militar Ronnie
Lessa, réu confesso pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e
do motorista Anderson Gomes. A decisão foi tomada em resposta às publicações
jornalísticas que divulgavam informações fragmentadas sobre os depoimentos de
Lessa.
Em um trecho da decisão, Moraes afirmou: "Diante de
inúmeras publicações jornalísticas com informações e trechos incompletos dos
vídeos relativos às declarações prestadas por Ronnie Lessa em sede de acordo de
colaboração premiada, torno públicos os Anexos 1 e 2 do referido acordo, bem
como os vídeos a eles relacionados, conforme concordância da PF que apontou não
existir mais necessidade do sigilo para as investigações. Os demais anexos
permanecerão em sigilo."
Além de levantar o sigilo da delação, Moraes também autorizou a
transferência de Lessa para o Presídio de Tremembé, em São Paulo. A defesa do
colaborador havia solicitado a mudança de unidade prisional, e o ministro
aceitou o pedido, impondo, no entanto, uma condição, de acordo com o portal UOL: as
comunicações verbais ou escritas de Lessa com qualquer pessoa estranha à
unidade penitenciária deverão ser monitoradas, inclusive durante as visitas,
enquanto não se encerrar a instrução processual.
A DELAÇÃO - Em sua delação premiada, Lessa confessou que não atuava como
assassino de aluguel, mas que aceitou matar Marielle Franco para se tornar
sócio da família Brazão em uma milícia. "Então eu quero deixar claro,
doutor, que, ali, eu não fui contratado para matar. Eu não sou um matador de
aluguel. Eu fui contratado para ser sócio e para ocupar a área", declarou
Lessa, conforme vídeo obtido pela Folha de S. Paulo.
Ele explicou que seu papel na sociedade seria facilitar o
trânsito dentro das polícias Civil e Militar, corporações nas quais trabalhou
por mais de dez anos em cada. Lessa detalhou que foi convidado por Domingos e
Chiquinho Brazão para realizar o crime.
A delação de Lessa está concentrada nos casos que ele já
responde na Justiça. Ele negou ter trabalhado na segurança do contraventor
Rogério Andrade e afirmou não ter sido contratado para matar um miliciano pelo
ex-vereador Cristiano Girão.
Lessa também estaria envolvido no planejamento do assassinato da
então presidente da escola de samba Salgueiro, Regina Celi. Segundo ele, adiou
a execução desse serviço para não "se queimar" antes de realizar o
assassinato de Marielle. "Porque a questão é, por mais que eu não soubesse
quem ainda é Marielle, mas eu sabia que tinha uma coisa para ficar rico. Eu não
vou me queimar por besteira se tem uma coisa para ficar rico. Então falei:
'Macalé...' Eu fui empurrando, empurrando."
MOTIVAÇÕES - Investigadores continuam apurando se o motivo do
assassinato de Marielle Franco foram as denúncias da vereadora contra a
exploração imobiliária ilegal nas periferias do Rio de Janeiro, o que teria
contrariado os interesses de Domingos Brazão, ex-conselheiro do Tribunal de
Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e do deputado federal Chiquinho
Brazão.
Fonte: Brasil 247 com informações do portal UOL
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