segunda-feira, 3 de junho de 2024

Cai a diferença no desempenho entre alunos de escolas públicas e privadas no Enem

 Em 2022, a média dos alunos de escolas privadas na redação aumentou para 747, enquanto nas escolas públicas subiu para 553. Em 2018, as médias eram de 644 e 382, respectivamente

(Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)

Em 2022, a média dos alunos de escolas privadas na redação aumentou para 747, enquanto nas escolas públicas subiu para 553. Em 2018, as médias eram de 644 e 382, respectivamente

Um levantamento recente do SAS Educação revela uma queda significativa na diferença de desempenho entre escolas públicas e privadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os dados, divulgados pelo jornal O Globo, mostram que a diferença na Redação, que era de 68% em 2018, caiu para 35% em 2022.

Apesar da diminuição da distância, as escolas privadas ainda lideram em performance. Em 2022, a pontuação média dos alunos de escolas particulares na Redação aumentou para 747, enquanto nas escolas públicas subiu para 553. Em 2018, essas médias eram de 644 e 382, respectivamente. Entre as 500 melhores notas na Redação, 483 pertencem a instituições privadas, contra apenas 17 de escolas públicas.

O estudo abrangeu escolas que participaram do Enem de forma contínua entre 2018 e 2022, incluindo três mil escolas privadas e dez mil públicas. O SAS Educação, plataforma que realizou o levantamento, é utilizada por 1,2 mil escolas em todo o Brasil.

Outro dado significativo do estudo é o aumento no número de alunos que alcançam pontuações elevadas na Redação. Em 2018, 2,7% dos candidatos obtiveram notas iguais ou superiores a 900. Em 2022, esse percentual subiu para 10,7%, mais de um a cada 10 alunos.

Ademar Celedônio, diretor de Ensino e Inovações do SAS Educação, atribui a melhoria das notas à adoção de padrões claros de correção estabelecidos pelo Enem nos últimos anos. "Esse processo começou nos colégios privados e agora se estende às escolas públicas, que ainda precisam avançar mais para ficarem competitivas", afirma. A redação tem se tornado cada vez mais crucial na prova, influenciando significativamente o processo seletivo das universidades.

O Enem avalia a Redação com base em cinco competências: domínio da escrita formal em Língua Portuguesa, compreensão do tema, organização das ideias, coesão e coerência, e proposta de intervenção. A cartilha anual "A redação no Enem 2023 — cartilha do participante", do Inep, detalha que para alcançar boa nota na competência 5, é necessário apresentar uma proposta de intervenção detalhada e articulada ao tema. 

Um estudo de 2021 da FGV-SP destacou que fatores socioeconômicos, como renda familiar e nível de educação das mães, podem explicar até 68% da variação nas notas dos estudantes. Cláudia Costin, presidente do Instituto Singularidades, explica que o acesso a um repertório cultural mais amplo beneficia alunos de classe média, majoritariamente de escolas privadas. "Mas um bom professor de escola pública pode fazer a diferença", pondera Costin.

Celedônio ressalta que tirar uma boa nota na Redação do Enem não significa necessariamente que os estudantes estão escrevendo bem em geral, mas que estão cumprindo as exigências específicas da prova. A competência com as notas mais baixas é a 1, que avalia a gramática. Nela, alunos de escolas privadas obtiveram 136 pontos, enquanto os de escolas públicas ficaram com 108.

A diferença na Redação não se reflete nas provas objetivas do Enem. Em Matemática, a diferença entre as redes foi de 19% em 2022, a menor dos últimos cinco anos, com médias de 609 para escolas privadas e 510 para públicas. Em Linguagens, a diferença foi de apenas 12%, com médias de 555 para privadas e 494 para públicas.

Costin observa que a Redação só começa a ser ensinada no ensino médio nas escolas públicas, o que contribui para a maior diferença nessa prova. No entanto, algumas redes já estão introduzindo aulas de Redação no final do ensino fundamental para melhorar o desempenho dos alunos.

O estudo ainda mostra que das 500 maiores notas no Enem, 467 são de escolas particulares e 29 de escolas públicas, majoritariamente federais.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

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