Em 2022, a média dos alunos de escolas privadas na redação aumentou para 747, enquanto nas escolas públicas subiu para 553. Em 2018, as médias eram de 644 e 382, respectivamente
Em 2022, a média dos alunos de escolas privadas na
redação aumentou para 747, enquanto nas escolas públicas subiu para 553. Em
2018, as médias eram de 644 e 382, respectivamente
Um levantamento recente do SAS Educação revela uma queda
significativa na diferença de desempenho entre escolas públicas e privadas no
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os dados, divulgados pelo jornal O Globo,
mostram que a diferença na Redação, que era de 68% em 2018, caiu para 35% em
2022.
Apesar da diminuição da distância, as escolas privadas
ainda lideram em performance. Em 2022, a pontuação média dos alunos de escolas
particulares na Redação aumentou para 747, enquanto nas escolas públicas subiu
para 553. Em 2018, essas médias eram de 644 e 382, respectivamente. Entre as
500 melhores notas na Redação, 483 pertencem a instituições privadas, contra
apenas 17 de escolas públicas.
O estudo abrangeu escolas que participaram do Enem de forma
contínua entre 2018 e 2022, incluindo três mil escolas privadas e dez mil
públicas. O SAS Educação, plataforma que realizou o levantamento, é utilizada
por 1,2 mil escolas em todo o Brasil.
Outro dado significativo do estudo é o aumento no número
de alunos que alcançam pontuações elevadas na Redação. Em 2018, 2,7% dos
candidatos obtiveram notas iguais ou superiores a 900. Em 2022, esse percentual
subiu para 10,7%, mais de um a cada 10 alunos.
Ademar Celedônio, diretor de Ensino e Inovações do SAS Educação,
atribui a melhoria das notas à adoção de padrões claros de correção
estabelecidos pelo Enem nos últimos anos. "Esse processo começou nos
colégios privados e agora se estende às escolas públicas, que ainda precisam
avançar mais para ficarem competitivas", afirma. A redação tem se tornado
cada vez mais crucial na prova, influenciando significativamente o processo
seletivo das universidades.
O Enem avalia a Redação com base em cinco competências:
domínio da escrita formal em Língua Portuguesa, compreensão do tema,
organização das ideias, coesão e coerência, e proposta de intervenção. A
cartilha anual "A redação no Enem 2023 — cartilha do participante",
do Inep, detalha que para alcançar boa nota na competência 5, é necessário
apresentar uma proposta de intervenção detalhada e articulada ao tema.
Um estudo de 2021 da FGV-SP destacou que fatores
socioeconômicos, como renda familiar e nível de educação das mães, podem
explicar até 68% da variação nas notas dos estudantes. Cláudia Costin,
presidente do Instituto Singularidades, explica que o acesso a um repertório
cultural mais amplo beneficia alunos de classe média, majoritariamente de
escolas privadas. "Mas um bom professor de escola pública pode fazer a
diferença", pondera Costin.
Celedônio ressalta que tirar uma boa nota na Redação do
Enem não significa necessariamente que os estudantes estão escrevendo bem em
geral, mas que estão cumprindo as exigências específicas da prova. A
competência com as notas mais baixas é a 1, que avalia a gramática. Nela,
alunos de escolas privadas obtiveram 136 pontos, enquanto os de escolas
públicas ficaram com 108.
A diferença na Redação não se reflete nas provas objetivas do
Enem. Em Matemática, a diferença entre as redes foi de 19% em 2022, a menor dos
últimos cinco anos, com médias de 609 para escolas privadas e 510 para
públicas. Em Linguagens, a diferença foi de apenas 12%, com médias de 555 para
privadas e 494 para públicas.
Costin observa que a Redação só começa a ser ensinada no
ensino médio nas escolas públicas, o que contribui para a maior diferença nessa
prova. No entanto, algumas redes já estão introduzindo aulas de Redação no
final do ensino fundamental para melhorar o desempenho dos alunos.
O estudo ainda mostra que das 500 maiores
notas no Enem, 467 são de escolas particulares e 29 de escolas públicas,
majoritariamente federais.
Fonte: Brasil 247 com informações do
jornal O Globo
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