Trabalhadores em Porto no Paraná. Foto: Claudio Neves
Nos últimos dois anos, durante o governo Lula, a parcela de trabalhadores que ganham entre zero e um salário mínimo caiu de 35,5% no primeiro trimestre de 2022 para 31,7% no mesmo período de 2024. Enquanto isso, o grupo de trabalhadores com renda entre um e dois salários mínimos aumentou de 32,4% para 35,1%. Aqueles com rendimentos acima de dois salários mínimos também viram um aumento, passando de 29,9% para 31,6%.
Esses dados foram levantados pelo economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, a partir dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE. A análise mostra que, em números absolutos, houve um crescimento de 10,6% no número de trabalhadores com rendimentos superiores a dois salários mínimos, o que representa um aumento de 3,1 milhões de pessoas.
No grupo intermediário, que recebe entre um e dois salários mínimos, o aumento foi de 13,6%, totalizando 4,2 milhões de trabalhadores a mais. Por outro lado, o número de pessoas que ganham menos de um salário mínimo caiu 6,5%, ou 2,3 milhões de trabalhadores a menos.
Especialistas atribuem essa mudança a diversos fatores, incluindo o aquecimento do mercado de trabalho, especialmente no setor formal, o aumento da renda, a melhoria na composição educacional dos trabalhadores, reajustes do salário mínimo acima da inflação, e a maioria dos acordos coletivos com aumentos reais.
A desaceleração da inflação também contribuiu para essa nova distribuição de rendimentos. Segundo Bruno Imaizumi, em entrevista ao Valor, “na saída da pandemia, o que vimos foi um mercado de trabalho mais aquecido, com recomposição do setor formal e ganho da renda”.
Os dados do Salariômetro da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) reforçam essa análise. Em março de 2024, 89% dos reajustes foram superiores ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), marcando o 16º mês consecutivo de reajustes reais positivos, com um reajuste mediano de 5%, acima dos 3,9% do INPC no período.
O poder aquisitivo do trabalhador brasileiro está aumentando. Reprodução
O salário mínimo, que começou 2023 em R$ 1.302, foi reajustado para R$ 1.320 em maio, e em 2024 subiu quase 7%, chegando a R$ 1.412. Esses reajustes influenciam diretamente os trabalhadores, tanto no setor formal quanto no informal, elevando a remuneração média.
“O setor formal foi a grande novidade da saída dessa crise, e isto está relacionado com os frutos da reforma trabalhista”, explicou Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Além disso, ele observa que a melhoria na escolaridade da força de trabalho contribuiu para o aumento da parcela dos que ganham acima de dois salários mínimos.
Fonte: DCM
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