sábado, 1 de junho de 2024

Após EUA se declarar favorável a um cessar-fogo em Gaza, Netanyahu diz que não haverá acordo até que Hamas seja destruído

 Premiê afirmou que ataques só cessarão quando Gaza deixar de ser uma “ameaça” a Israel

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou neste sábado (1º) que não se comprometeria com um cessar-fogo permanente antes da destruição das “capacidades militares e governamentais” do Hamas, um dia depois de o presidente dos EUA, Joe Biden, declarar apoio a um acordo de três fases proposto pelos israelenses.


“As condições de Israel para acabar com a guerra não mudaram: a destruição das capacidades militares e governamentais do Hamas, a libertação de todos os reféns e a garantia de que Gaza não represente mais uma ameaça para Israel”, disse Netanyahu.


“Israel vai insistir que essas condições sejam cumpridas antes que um cessar-fogo permanente seja estabelecido. A ideia de que Israel vai concordar com um acordo permanente antes de essas condições serem atendidas é inaceitável”, acrescentou.


Na sequência, o líder da oposição de Israel se manifestou pedindo que Netanyahu atendesse ao apelo feito por Biden, comprometendo-se com um acordo para libertar reféns. Yair Lapid também ofereceu apoio caso membros de extrema direita deixassem a coalizão necessária para que o governo se mantenha no poder.


“O governo de Israel não pode ignorar o discurso do presidente Biden. Há um acordo na mesa e ele deve ser realizado”, disse Lapid em um post no X, antigo Twitter.


“Eu lembro Netanyahu que ele tem uma rede de segurança para realizar um acordo de libertação de reféns se [Itamar] Ben-Gvir e [Bezalel] Smotrich deixarem o governo.”


Nesta sexta (31), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou em um discurso que apoiaria uma nova proposta de cessar-fogo na Faixa de Gaza apresentada por Tel Aviv.


A oferta envolve a interrupção dos ataques em troca da libertação dos reféns ainda em poder do Hamas.


A proposta de trégua consiste de três fases. Na primeira, haveria um cessar-fogo completo por seis semanas, Israel retiraria todas as tropas das áreas habitadas da Faixa de Gaza, e reféns sequestrados pelo Hamas nos ataques de 7 de outubro seriam libertados em troca da soltura de centenas de prisioneiros palestinos. Ao mesmo tempo, passaria a haver um fluxo de 600 caminhões de ajuda humanitária entrando em Gaza por dia, de acordo com Biden.


Na segunda fase, o Hamas e Israel negociariam um fim permanente para o conflito, e o cessar-fogo continuaria em vigor durante essas negociações. Esse ponto contraria aquele que tem sido o principal mantra de Netanyahu e da cúpula do gabinete de guerra israelense desde o início do conflito — de que a guerra só terminaria com a destruição completa do Hamas e com a erradicação de seu controle político e militar sobre a Faixa de Gaza.


Horas depois do discurso de Biden, o gabinete de Netanyahu já havia dito em uma publicação no X que a proposta “permite que Israel prossiga com a guerra até que todos seus objetivos sejam atingidos, incluindo a destruição das capacidades governamentais e militares do Hamas”, em uma aparente contradição dos termos divulgados pelo presidente estadunidense.


A terceira fase consistiria de um plano de reconstrução do território palestino. A proposta já foi entregue ao Hamas pelo Qatar, disse a Casa Branca. Em comunicado, o grupo militante afirmou que vê o plano de forma positiva.


Até aqui, negociações entre as partes em guerra mediadas pelo Egito, Qatar e EUA não prosperaram, com exceção de um cessar-fogo de uma semana entre novembro e dezembro de 2023.


Fonte: Agenda do Poder com informações da Folha de S. Paulo.

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