Um relatório da ONU sobre a expansão de movimentos neonazistas incluiu
o Brasil em seu informe anual, destacando o fortalecimento de grupos e
incidentes relacionados. O documento será debatido durante a reunião do
Conselho de Direitos Humanos da ONU, que ocorre até meados de julho em Genebra,
conforme informações do colunista Jamil Chade, do UOL.
O informe, intitulado “Combatendo a Glorificação do
Nazismo e Neonazismo”, foi elaborado pela relatora da ONU sobre formas
contemporâneas de racismo e xenofobia, Ashwini K.P., com o objetivo de
identificar a extensão desse fenômeno e apresentar propostas para que os
governos possam enfrentá-lo de maneira eficaz.
Os Estados forneceram informações à relatora, que consolidou os dados
no documento oficial. Além do Brasil, foram mencionados casos em mais de vinte
países.
Ashwini K.P. relatou que o Conselho Nacional de Direitos
Humanos do Brasil informou sobre um aumento preocupante no discurso de ódio e
nas manifestações neonazistas nos últimos anos. Em resposta a essa ameaça
crescente, o conselho estabeleceu um Relator Especial para o Combate ao
Crescimento de Células Neonazistas no Brasil, encarregado de coletar dados
sobre o aumento desses movimentos.
O documento destaca que, em 2021, o Centro Nacional de
Crimes Cibernéticos no Brasil recebeu e processou 14.476 denúncias anônimas
relacionadas ao neonazismo, enfatizando a seriedade da situação e a necessidade
urgente de intervenção.
“Além disso, o Brasil detalhou que, de acordo com uma pesquisa
publicada no site do Fiquem Sabendo, no período entre janeiro de 2019 e
novembro de 2020, 159 investigações foram abertas pela Polícia Federal
relacionadas ao neonazismo. Isso foi comparado com 143 investigações que haviam
sido abertas entre 2003 e 2018”, explicou.
O Conselho Nacional de
Direitos Humanos também forneceu detalhes sobre casos criminais no Brasil que
evidenciam o aumento do neonazismo.
“Os casos incluíam um
episódio de violência escolar em que o agressor usava um uniforme militar e uma
suástica em suas roupas, pichações nazistas em ambientes educacionais, ameaças
em ambientes educacionais com referências nazistas, uma investigação de uma
fábrica que produzia produtos que glorificavam o nazismo e a afiliação de
indivíduos envolvidos em crimes violentos com o neonazismo e ideologias
associadas”, diz o relatório.
Vale destacar ainda que,
durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a deputada de
extrema-direita alemã e neta de um ministro de Adolf Hitler, Beatrix von
Storch, visitou o Palácio do Planalto e foi recebida pelo chefe de Estado. Além
disso, surgiram denúncias sobre o envolvimento de membros do governo com
movimentos supremacistas e neofascistas.
Ataques em escolas
Dados também
foram submetidos à relatora da ONU pela Campanha Brasileira pelo Direito à
Educação, destacando os “níveis crescentes de ultraconservadorismo no sistema
educacional do Brasil”.
“Ela forneceu
informações sobre recentes ataques violentos em escolas, que foram descritos
como relacionados a tendências sociais ligados à intolerância e à glorificação
do nazismo”, afirmou o documento.
“Os autores
desses ataques incorporam perspectivas e valores de opressão, abrangendo
manifestações de racismo, misoginia e tendências autoritárias frequentemente
associadas a ideologias fascistas e nazistas”.
Segundo o
documento, os autores dos ataques foram “frequentemente recrutados e
radicalizados on-line, consumindo e promovendo com frequência conteúdo e
símbolos neonazistas”.
Fonte: DCM
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