Valdemar Baraúna Rocha (PP), prefeito de Balneário Barra do Sul (SC). Foto: reprodução
O prefeito Valdemar Baraúna Rocha (PP), de Balneário Barra do Sul, no litoral de Santa Catarina, reproduziu a mentira espalhada por bolsonaristas de que a tragédia enfrentada pelas populações gaúchas seria resultado de uma “ira de Deus”. Em entrevista à rádio FM Litoral, sem concluir o pensamento, ele relacionou as chuvas ao elevado número de terreiros de religiões afrobrasileiras.
“O que está acontecendo lá no Rio Grande? É aquela enchente. Mas aí nós fomos ver uma estatística, é o estado que tem menos igrejas. E lá é centro de… [terreiros de umbanda], que não agrada aos olhos de Deus”, afirmou.
A fake news relacionando religião ao desastre gaúcho ganhou notoriedade a partir de uma publicação da influenciadora bolsonarista Michele Dias Abreu, de Governador Valadares, Minas Gerais. Na ocasião, ela alegou que “o estado do Rio Grande do Sul é o estado com maior número de terreiros de macumba. Alguns profetas já estavam anunciando algo que iria acontecer devido à ira de Deus”.
O prefeito catarinense ainda levantou uma hipótese para a mentira religiosa: “Será que Deus não está chamando eles a uma responsabilidade? Você não entende. Lá na frente nós vamos entender porque aconteceu”, disse o bolsonarista
O Ministério Público de Minas Gerais denunciou a influencer por intolerância religiosa e por associar a tragédia climática no Rio Grande do Sul às religiões de matriz africana. No Brasil, a intolerância religiosa é punida de forma semelhante ao racismo, especialmente quando a discriminação é dirigida contra grupos específicos.
A denúncia do MPMG também solicita que Michele seja proibida de sair do país sem autorização judicial e de realizar novas postagens sobre religiões de matriz africana ou conteúdos falsos relacionados à tragédia no Rio Grande do Sul.
Em outra suposição levantada por religiosos, estaria o crime de homofobia contra o governador Eduardo Leite (PSDB). Pastores estão anunciando aos seus fieis que o Rio Grande do Sul sofre com a revolta de Deus por eleger um governador LGBQIA+.
“Eu me envergonho por ser gaúcha de ter hoje como governador o Eduardo Leite, cuja primeira-dama é outro homem, e eu quero alertar a igreja do Senhor na Terra, dizendo que esse pecado de ter colocado um homem, cuja primeira-dama é um homem, no poder, isso ativou a ira de Deus contra o povo gaúcho”, afirmou uma mulher evangélica.
Fonte: DCM
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