Ronnie Lessa e marielle Franco. Foto: reprodução
Ronnie Lessa, ex-policial militar
acusado dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes em março de 2018,
revelou que os mandantes da morte da vereadora ofereceram a ele e a um cúmplice
dois loteamentos clandestinos na zona oeste do Rio de Janeiro para estabelecer
uma “nova milícia”.
De acordo com o ex-PM, a exploração desses negócios ilegais poderia
render mais de US$ 20 milhões, equivalente a R$ 100 milhões. A confissão foi
feita em delação premiada e o vídeo foi exibido pelo Fantástico, da TV Globo,
no último domingo (27).
Lessa disse que ficou impactado com a proposta dos
irmãos Chiquinho e Domingos Brazão. Ele afirmou que os terrenos foram
oferecidos a ele e ao ex-PM Edimilson de Oliveira, conhecido como Macalé, que
foi assassinado em 2021.
“Era muito dinheiro
envolvido. Na época, daria mais de US$ 20 milhões. A gente não está falando de
pouco dinheiro (…) Ninguém recebe uma proposta de receber US$ 10 milhões
simplesmente para matar uma pessoa. Uma coisa impactante realmente”, disse.
Ele não especificou quando o projeto
começaria, mas mencionou que seria um dos donos. “A gente ia criar uma milícia
nova. Então ali teria a exploração de gatonet, a exploração de kombis, venda de
gás… A questão valiosa é depois. A manutenção da milícia que vai trazer voto”,
ressaltou.
Ronnie Lessa em delação à Polícia Federal. Foto: reprodução
Na delação, ele confessou o crime e contou que faria parte de uma
“sociedade” com os irmãos Brazão. Os planos para a nova milícia seriam no
loteamento oferecido em Jacarepaguá, zona oeste do Rio. “Então, na verdade, eu
não fui contratado para matar Marielle, como um assassino de aluguel. Eu fui
chamado para um sociedade”, afirmou Lessa.
A proposta, segundo Lessa, não era
apenas matá-la, mas também criar uma nova milícia na Zona Oeste do Rio de
Janeiro por meio da ocupação ilegal de áreas. Os lucros dessa operação
criminosa viriam da exploração de sinal clandestino de internet e televisão,
venda de gás residencial e serviços de transporte.
De acordo com ele, Marielle
também era vista como “uma pedra no caminho”. “Ela teria convocado algumas
reuniões com várias lideranças comunitárias, se eu não me engano, no bairro de
Vargem Grande ou Vargem Pequena [zona oeste carioca], justamente para falar
sobre esse assunto, para que não houvesse adesão a novos loteamentos da
milícia. Isso foi o que o Domingos [Brazão] passou para a gente. Que a Marielle
vai atrapalhar e para isso ela tem que sair do caminho.”
Vale destacar ainda que Lessa mencionou o delegado
Rivaldo Barbosa como um dos mandantes do crime. Também preso, Barbosa foi
identificado como uma “peça-chave” na execução dos homicídios de Marielle e
Anderson Gomes.
Conforme Lessa, o delegado teria tomado medidas para
garantir que os suspeitos não fossem perturbados pela investigação do crime. O
relatório da Polícia Federal indicou que Rivaldo teria recebido R$ 400 mil para
dificultar as investigações do caso.
Assista abaixo:
Fonte: DCM
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