Decisão de manter alíquota para bens importados menor do que o percentual pago pela indústria nacional está na contramão do mundo e consagra a desigualdade tributária
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Confederação
Nacional do Comércio Bens, Serviços e Turismo (CNC) e a Confederação Nacional
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entendem a dificuldade da negociação
na Câmara dos Deputados para tributar as mercadorias importadas com valores
abaixo de US$ 50 e acabar com a discriminação tributária contra os produtos
nacionais.
No entanto, a decisão de taxar em apenas 20% as compras
internacionais não é suficiente para evitar a concorrência desleal, embora seja
um primeiro passo bastante tímido em direção à isonomia tributária e sua
equiparação com a produção nacional.
“Não se pode garantir a preservação dos empregos. Os empregos
vão sofrer, porque a indústria brasileira, comércio e agronegócio não têm
condições equilibradas de tributação para competir com o produto importado, que
entrará subsidiado no país. Vamos trabalhar para que os governadores entendam a
importância de manter empregos nos seus estados e buscar a equalização do ICMS,
além de continuar no esforço de sensibilizar o Congresso e o governo dessa real
necessidade de equalização”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Importante destacar o apoio dos trabalhadores
representados pelas Nova Central, Força Sindical, IndustriAll Brasil,
Confederação Nacional de Trabalhadores no Comércio e Serviços (Contracs),
Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNMT), Central dos
Sindicados Brasileiros (CSB) e União Geral dos Trabalhadores (UGT) à
preservação de milhares de empregos e à isonomia tributária.
Setor produtivo brasileiro seguirá no justo esforço para igualar
as regras do jogo - Desta forma, o setor
produtivo brasileiro seguirá no justo esforço para igualar as regras do jogo.
Unidos na defesa do interesse nacional, empresários e trabalhadores alertam o
Congresso para o tamanho do problema e as distorções causadas à economia
brasileira pelas importações de até US$ 50, injustamente beneficiadas por uma
tributação mais favorável.
Os setores mais afetados por essas importações de até US$
50 vão continuar trabalhando na sensibilização dos parlamentares. São eles os
fabricantes e trabalhadores de produtos têxteis, confecção de artefatos do
vestuário e acessórios, calçados, artefatos de couro, produtos de limpeza,
cosméticos, perfumaria e higiene pessoal, móveis e de produtos de indústrias
diversas.
Empresários e trabalhadores lembram que
as importações sem tributação federal levariam a indústria e o comércio
nacionais a deixar de empregar 226 mil pessoas. Agora, com a nova tributação,
será necessário redimensionar o tamanho destas perdas. Mesmo assim, quem mais
perde com a redução dos empregos nesses setores são as pessoas que ganham menos
e, principalmente, as trabalhadoras mulheres. Mais de 80% das pessoas
empregadas nos setores mais afetados pela isenção da tributação recebem até
dois salários mínimos. As mulheres respondem por 65% do emprego nesses setores,
ante a média nacional de 40%. Pesquisa do IPRI/FSB mostra que apenas 18% das
pessoas que ganham até dois salários mínimos (R$ 2.824) fazem compras em sites
internacionais ante 41% da parcela da população que ganha mais de cinco
salários mínimos (R$ 7.060). Ou seja, as importações beneficiam os consumidores
de renda mais alta.
Fonte: Brasil 247
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