Até então, os membros da família Bolsonaro estavam se limitando a criticar nas redes sociais a resposta do governo Lula à tragédia
Cerca de 15 dias após o Rio Grande do Sul declarar estado de calamidade pública devido às chuvas e enchentes, dois filhos de Jair Bolsonaro (PL) chegaram ao estado e encheram suas redes sociais e as de seus aliados com vídeos dos locais visitados.
Essa movimentação, também compartilhada nas contas do ex-presidente — que saiu nesta sexta-feira (17) de uma internação hospitalar de 12 dias — intensifica a politização na região. O episódio mais recente foi a indicação por Lula (PT) de seu chefe da Comunicação Social, Paulo Pimenta, para o cargo de ministro extraordinário da reconstrução do Rio Grande do Sul.
Até então, os membros da família Bolsonaro estavam se limitando a criticar nas redes sociais a resposta do governo Lula à tragédia. A nomeação de Pimenta — ativo antibolsonarista e cotado para disputar o governo do estado em 2026 — gerou críticas da oposição, enquanto a visita dos filhos de Bolsonaro foi alvo de ataques do PT.
Segundo o partido, a ida do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) teve como objetivo criar vídeos para redes sociais e amenizar a lembrança da gestão errática e negacionista de Jair Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19. Além disso, tentaram mostrar presença em um estado onde Bolsonaro derrotou Lula em 2022 com 56,35% dos votos válidos contra 43,65%.
Carlos, por exemplo, chegou na quinta-feira (16) a Bento Gonçalves, acompanhado pelo ex-ministro da Comunicação Social de Bolsonaro e atual advogado, Fabio Wajngarten. Na cidade, Bolsonaro obteve 76% dos votos contra 24% de Lula.
Em vídeo postado nas redes sociais, Carlos disse não saber como as pessoas encontram forças para sobreviver em uma situação como aquela e destacou o trabalho dos voluntários. “O trabalho dos civis está sendo fundamental para esse primeiro momento de alinhamento e de entendimento do que está acontecendo”, afirmou.
O prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Segabinazzi Siqueira (PSDB), afirmou à Folha que ele próprio fez contato com os Bolsonaros, via Wajngarten, e que toda ajuda nesse momento é importante. “O primeiro ponto é mostrar o que estamos passando, sensibilizar o Brasil para a nossa situação”, disse o prefeito, destacando ainda o envio à cidade de uma emenda parlamentar de Eduardo Bolsonaro no valor de R$ 1 milhão.
Eduardo visitou Eldorado do Sul, uma das cidades mais atingidas, e andou de jet ski na área alagada para mostrar a situação. Em outros vídeos, aparece em um helicóptero levando medicamentos e retirando caixas de leite de um caminhão em Porto Alegre, ao lado do deputado federal Zucco (PL-RS) e de assessores.
“O deputado Eduardo Bolsonaro é um formador de opinião, com uma enorme visibilidade, extremamente necessária neste momento em que precisamos canalizar todos os esforços para salvar vidas e atender os milhares de desabrigados”, disse Zucco. “Inclusive, pedi a ele que fizesse a interlocução junto às embaixadas, porque a catástrofe é duas vezes maior que o furacão Katrina. E a comunidade internacional está tomando pé do gigantismo desse evento climático. Toda ajuda é bem-vinda.”
– Eles mesmos perceberam o desprezo total com que agiram na época da Covid, cujas iniciativas partiram do Parlamento. O Executivo abandonou o povo naquela época. Agora, estão vendo o Executivo atuando e querem se redimir, criando símbolos de que têm preocupação com o povo – afirma o deputado federal Bohn Gass (PT-RS).
– A vinda deles aqui é só para fazer vídeo, porque até agora eles só se mobilizaram em torno de fake news. E também vêm para andar de jet ski. Mas nos dias que as pessoas estavam nos telhados, correndo maior risco de vida, eles não estavam aqui – diz a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).
Fonte: Agenda do Poder com informações da Folha de S. Paulo.
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