EX-PM participou de concurso de redação sobre alimentação de qualidade em penitenciária federal
O ex-policial militar Ronnie Lessa participou do 7º concurso de
redação da Defensoria Pública da União (DPU), com o tema “Prato feito:
alimentação de qualidade é sinal de dignidade”. O texto produzido por ele
aborda uma declaração do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, em setembro de
2022, de que considera impossível que existam 33 milhões de pessoas passando
fome no Brasil.
A
redação foi enviada na semana passada pelo diretor da Penitenciária Federal de
Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, ao juiz corregedor da unidade, onde Lessa
está preso preventivamente pelos homicídios da vereadora Marielle Franco e
do motorista Anderson Gomes e cumpre pena por outros crimes.
No
ofício ao magistrado, é informado que os 96 participantes do concurso poderão
receber 12 horas de atividades de leitura e escrita para fins de remição da
pena. Como O GLOBO mostrou, o ex-PM elabora mensalmente resenhas de livros
sobre coaching, biografia militar e até história de guerra.
No
texto, de 30 linhas, Lessa discorre sobre a fala de Guedes, afirmando que ele
contrariou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de
outros “respeitados institutos de pesquisa”. Na ocasião, o então ministro do
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse, em um evento da Federação da
Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave):
—
O consumo dos mais frágeis está garantido com os programas de transferência de
renda. Por isso, é impossível ter 33 milhões de pessoas passando fome.
Na
redação, o ex-PM destaca que “foi com espanto e indignação” que ele, “como
cidadão brasileiro”, leu essa notícia, na época.
“Todos
sabem que a fome é e foi através dos tempos um dos maiores e mais impactantes
motivadores de guerras e mortes causadas à humanidade. Sabemos que em todo o
globo a fome foi utilizada de maneira extremamente cruel como o mais sombrio
instrumento de guerra”, escreveu.
Lessa
continua relatando exemplos. “Podemos citar fatídicos exemplos na história
moderna de como ela foi utilizada para atingir obscuros objetivos, tanto
territoriais e políticos quanto étnicos e ideológicos, como a provocada durante
e imposta durante a Revolução Russa, em que vitimou principalmente os
camponeses que tinha 100% de suas safras confiscadas, os mesmos que produziam
os alimentos que sustentavam as tropas revolucionárias. Um triste e impiedoso
contrassenso”.
No final do texto, o ex-PM ainda pondera: “Sabemos que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, mas não nos falta alimento. Nos falta vontade, nos falta decência. A fome não mata apenas o corpo. Ela mata os costumes, a cidadania, a dignidade. Alimentar a população com qualidade é alimentar sonhos, é despertar a prosperidade, é resgatar a dignidade”.
Fonte: Agenda do Poder com
informações do GLOBO.
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