Ao menos sete deputados bolsonaristas usaram seu tempo de fala em uma sessão na Câmara dos Deputados na última quarta-feira (8) para disseminar fake news sobre a tragédia causada pelas intensas chuvas no Rio Grande do Sul.
Até o momento, o estado contabiliza mais de 136 mortos e mais de 141 desaparecidos. A tragédia também deixou 408,1 mil pessoas deslocadas, sendo 70,7 mil em abrigos e 337,3 mil em casas de familiares ou amigos.
O que disseram os bolsonaristas?
O deputado Filipe Martins (PL-TO) afirmou que caminhões carregados com doações estariam sendo impedidos de chegar ao Rio Grande do Sul devido à exigência de notas fiscais, uma informação falsa que já foi desmentida por autoridades competentes.
Além disso, o parlamentar alegou que pilotos e embarcações de voluntários envolvidos nos resgates das vítimas das enchentes estariam sendo requeridos a apresentar documentação, outra fake news que também foi disseminada pelos deputados Coronel Assis (União-MT) e Gilvan da Federal (PL-ES).
O deputado Filipe Martins (PL-TO). Foto: reprodução
“Mais uma vez, venho a este Parlamento sem entender literalmente o que o governo federal está pensando. Há mais uma bizarrice, sr. Presidente, desse desgoverno, agora, barrando os caminhões que levam os donativos ao povo do Rio Grande do Sul, multando, exigindo notas fiscais dos produtos que estão indo salvar vidas, exigindo ali arrais amador dos pilotos, exigindo documentação de embarcações que estão se dispondo e salvando vidas, a cada momento”, disse Filipe Martins.
O deputado Paulo Bilynksyj (PL-SP) alegou que uma clínica médica, que oferecia atendimento gratuito, teria sido fechada pela Vigilância Sanitária. No entanto, o deputado não especificou em qual cidade exatamente ocorreu o incidente.
“Hoje, uma clínica médica, que estava atendendo gratuitamente no Rio Grande do Sul, foi fechada pela vigilância sanitária porque não tinha água da caixa, estava trabalhando com água de um poço. A cidade inteira não tem água na caixa! O estado do Rio Grande do Sul está sem água! Como a prática médica vai continuar, mesmo que gratuitamente?”, ressaltou Bilynksyj.
O deputado Paulo Bilynksyj (PL-SP). Foto: reprodução
Em resposta, o governo do RS esclareceu que a Secretaria Estadual de Saúde recebeu denúncias, e a Vigilância Sanitária da cidade de Alvorada (RS) realizou uma fiscalização em um estabelecimento, mas não houve fechamento. “A Vigilância Sanitária informa que nenhuma clínica foi fechada por essa razão no Rio Grande do Sul”, afirmou o governo do RS.
Não satisfeito, Bilynksyj também espalhou outra fake news. Além dele, Caroline de Toni (PL-SC), General Girão (PL-RN) e Coronel Ulysses (União-AC) também citaram uma fala da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, fora de contexto.
“Quem tem que ser presa é a ministra Simone Tebet, que falou que o dinheiro para o socorro do Rio Grande do Sul será mandado oportunamente, no futuro, porque os prefeitos agora não estão pedindo. Está aqui o prefeito de Feliz, no Rio Grande do Sul, dizendo que já preencheu todos os documentos necessários e, mesmo assim, não recebeu a verba”, disparou Bilynksyj.
Caroline de Toni (PL-SC), por sua vez, disse: “Nós temos que falar também que esse desgoverno deveria parar de falar que a ajuda não é necessária agora, como fez a própria ministra do Planejamento, que disse que agora não é a hora, os prefeitos ainda não mandaram os pedidos. Nós precisamos, sim, levar. A hora é agora.”
A deputada Caroline de Toni (PL-SC). Foto: reprodução
Já Girão questionou: “A incapacidade de discernir o tamanho da situação não é só dele. A ministra Simone Tebet também disse que não é o momento de mandar dinheiro para socorrer as vítimas, porque as prefeituras não o demandaram e que não há urgência em enviar recursos. É muita falta de empatia, ou sei lá o que mais, está certo?”
General Girão (PL-RN). Foto: reprodução
Coronel Ulysses também contribuiu com a disseminação da fake news: “A atitude do governo está sendo demonstrada, em primeiro lugar, pela ministra Simone Tebet, que disse que ainda não está na hora de os recursos chegarem.”
Coronel Ulysses (União-AC). Foto: reprodução
Os parlamentares alegam que a ministra teria declarado que “não é o momento” de enviar recursos para o RS. Eles se baseiam em um trecho de uma declaração em que a ministra afirma:
“Não vai faltar dinheiro pro RS, o dinheiro vai chegar no tempo certo, que não é agora, porque não tem nem o quê liberar porque nós não recebemos as demandas dos prefeitos. Eles não sabem o que pedir porque a água não baixou”.
Tebet, entretanto, estava discutindo a proposta do governo de decreto legislativo para a decretação de calamidade pública no RS.
Fonte: DCM
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