"A proposta é que as empresas que se destacam na promoção da igualdade racial possam exibir esse selo", disse ela
O governo federal planeja introduzir, até o final do ano, um
"Selo de Igualdade Racial" destinado a reconhecer empresas públicas e
privadas que implementam políticas afirmativas de promoção da diversidade
racial, revelou a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, em entrevista ao Valor. Esta iniciativa faz parte de um mais amplo "Pacto
pela Igualdade Racial" que o governo pretende firmar com o setor privado.
Detalhes sobre os critérios para a concessão do selo e possíveis benefícios,
como isenções fiscais ou vantagens em licitações públicas, ainda estão sendo
definidos.
"A proposta é que as empresas que se destacam na
promoção da igualdade racial possam exibir esse selo, indicando seu compromisso
com práticas antirracistas e de inclusão", afirmou a ministra. O
"Pacto pela Igualdade Racial" está sendo desenvolvido no âmbito do
Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, conhecido como Conselhão,
coordenado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reunindo ministérios e
representantes da sociedade para formular políticas públicas.
"Queremos que o pacto seja um marco de colaboração entre o
governo e o setor privado, incluindo parceiros como o Banco do Brasil e o
Ministério dos Direitos Humanos, para estabelecer diretrizes e ações que
promovam a igualdade racial em todas as empresas", explicou Anielle.
"Vamos começar pelo próprio Conselhão, onde já temos várias empresas
envolvidas, incentivando-as a adotar essas práticas."
Como exemplo de empresas que podem ser contempladas com o
selo, Anielle mencionou a Coca-Cola, que, durante uma reunião do Conselhão,
expressou a intenção de promover cem lideranças negras a cargos de chefia.
"Trabalharíamos juntos para concretizar essa meta, e a Coca-Cola receberia
o selo como reconhecimento pelo seu compromisso com a igualdade racial",
disse a ministra. Ela espera que outras empresas, como a Ambev, sigam o
exemplo.
Empresas que promovam a contratação, capacitação, retenção e
planos de carreira para pessoas negras poderiam ser elegíveis para o selo.
"Queremos reconhecer empresas que investem na qualificação contínua de
seus funcionários negros, oferecendo oportunidades de crescimento profissional
e apoio educacional, como cursos de idiomas", destacou Anielle. "A
permanência e o desenvolvimento desses profissionais são fundamentais para
combater a desigualdade social e racial no Brasil."
Anielle também defendeu a continuidade das cotas raciais
em universidades federais e no serviço público, cuja prorrogação por mais dez
anos está sendo debatida no Congresso Nacional.
Nesta segunda-feira (27), Anielle lança o
Relatório da Igualdade Racial no contexto do Plano Plurianual 2024-2027. O
documento, elaborado pelo Ministério da Igualdade Racial em parceria com o
Ministério do Planejamento e Orçamento, apresenta os principais dados e
diretrizes para a agenda do PPA no período. Segundo o Ministério, 46 dos 88
programas do PPA possuem algum foco em igualdade racial, com um orçamento
previsto de aproximadamente R$ 1 bilhão para ações relacionadas a essa agenda
neste ano.
Fonte: Brasil 247
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