O Cerrado ultrapassou a Amazônia pela
primeira vez e apresentou a maior área desmatada entre os biomas, totalizando
1.110.326 hectares, um aumento de 67,7%
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza a
Jornada Nacional em Defesa da Natureza e seus Povos a partir deste sábado (1)
até o dia 8. De acordo com o Relatório Anual de Desmatamento no Brasil, da
MapBiomas, em 2023, Amazônia e Cerrado representaram mais de 85% da área total
desmatada no país. O Cerrado ultrapassou a Amazônia pela primeira vez e
apresentou a maior área desmatada entre os biomas, totalizando 1.110.326
hectares, um aumento de 67,7%. Na Amazônia, houve redução de 62,2% comparado ao
ano anterior. No Pantanal, houve aumento de 59,2% no desmatamento, assim como
na área média dos alertas, com aumento de 35,9%, resultando em 158,2 hectares
de área média dos eventos de desmatamento.
Segundo o MST, os representantes do movimento querem
avançar na construção de ações de solidariedade às famílias atingidas pelas
enchentes no Rio Grande do Sul e de denunciar o agronegócio frente à crise
ambiental e o aumento dos eventos climáticos extremos, a Jornada organiza um
conjunto de atividades de luta envolvendo trabalhadores e trabalhadoras Sem
Terra de todo o Brasil.
A iniciativa anuncia a Reforma Agrária Popular como necessária e
urgente para se combater a crise ambiental, por meio da democratização da terra
e da massificação de um modelo produtivo baseado na agroecologia e no
desenvolvimento de novas relações sociais.
A Jornada é construída na semana em que se comemora o Dia
Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho. Esse dia foi instituído pela Organização
das Nações Unidas (ONU) em 1972, com a finalidade de chamar a atenção de todas
as esferas da população para os problemas ambientais e para a importância da
preservação dos bens naturais.
Renata Menezes, da direção nacional do MST pelo Coletivo de
Juventude, afirma que vivemos um cenário de destruição dos bens comuns da
natureza e do lugar de vida dos povos, seja na cidade ou no campo. “Fazer a
luta pela natureza é fazer a luta pela própria existência da humanidade. Quando
a gente fala da humanidade, nós estamos falando da classe trabalhadora,
daqueles e daquelas que são os mais atingidos pelos eventos climáticos extremos
e que são vulneráveis na forma de se recuperar desse tipo de tragédia”,
explica.
Ela conta também que a questão ambiental está posicionada
como um tema e uma problemática do tempo histórico. Não é algo passageiro ou
momentâneo. “A Jornada em Defesa da Natureza é mais uma ferramenta popular pra
gente combater o avanço desenfreado do capital e do agronegócio que visa o
lucro, que visa apenas os negócios, que não visa a vida e que impede que a
gente construa uma relação harmônica, equilibrada entre os seres humanos e a
natureza, e os lugares onde os povos vivem, os lugares onde a gente tem
culturas tradicionais de cuidado com a terra, com o alimento, de produção
agroecológica.”
O agronegócio desmata os biomas brasileiros
Em números totais, o Brasil perdeu nos últimos 5 anos cerca de mais de
8,5 milhões de hectares de vegetação nativa. Isso equivale a duas vezes a área
do estado do Rio de Janeiro.
O relatório da MapBiomas aponta também que o desmatamento por pressão da
Agropecuária responde por mais de 97% de toda a perda de vegetação nativa no
Brasil nos últimos cinco anos. Na Caatinga, o desmatamento associado ao vetor
de pressão de empreendimentos de energia solar e eólica aumentou para 24%, com
a perda de mais de 4.302 hectares.
Mais de 37 mil hectares já foram desmatados por pressão do
Garimpo, afetando principalmente o estado do Pará.
“É nesse contexto que temos a tarefa histórica de frear o
avanço do capital sobre os bens comuns da natureza [...]. Portanto, diante
dessa conjuntura, onde a gente vem sofrendo, quase dez anos de retrocessos nas
leis trabalhistas, de flexibilização das leis ambientais, de cada vez mais
agrotóxicos sendo liberados, em um cenário de destruição, que faremos lutas com
a jornada em defesa da natureza”, conclui Menezes.
Fonte: Brasil 247
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