O esforço para aprovação da regulamentação da reforma tributária sobre o consumo é uma das prioridades
BRASÍLIA (Reuters) - O
governo espera avançar com a agenda econômica do ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, em paralelo às ações de apoio ao Rio Grande do Sul e conta com
compromisso feito pelo comando do Legislativo para que a pauta não seja
interrompida, segundo quatro fontes que acompanham as negociações.
O esforço para aprovação da regulamentação da reforma
tributária sobre o consumo, de medidas relacionadas à desoneração da folha e de
projetos microeconômicos precisará ser feito em um prazo exíguo, já que o
Congresso entra em recesso no meio de julho e deve reduzir as atividades no
segundo semestre em meio às campanhas para as eleições municipais.
Depois de o governo enfrentar entraves na articulação política
no início do ano e embates relacionados à desoneração da folha de setores da
economia, o desastre provocado pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul
absorveu as atenções do Executivo e Legislativo, que prometeram forte empenho
para aprovar medidas em série até que a situação do Estado esteja mais
estabilizada.
Na visão das fontes, o esforço é justificável, mas elas
apontam que ainda assim os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do
Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se comprometeram a seguir com a agenda
econômica do governo, principalmente a regulamentação da reforma tributária e a
desoneração da folha, que será acompanhada por medidas de compensação.
“Dá para tocar junto a reforma tributária e a medida
compensatória para a desoneração da folha, tem apoio dos dois presidentes, Lira
e Pacheco, então vai avançar”, disse uma fonte da Fazenda.
“Não vai ter nenhuma interferência na agenda econômica, os
projetos do Rio Grande do Sul na Câmara e no Senado estão voando”, afirmou uma
fonte próxima ao presidente da Câmara.
Nesta semana, após o governo enviar na terça-feira um projeto de
lei para suspender por três anos os pagamentos da dívida do Rio Grande do Sul
com a União, o texto foi aprovado no dia seguinte na Câmara e no Senado. Ainda
não está claro que outras propostas envolvendo o Estado demandarão a aprovação
do Congresso, já que ações adicionais ainda estão em formulação.
Outra autoridade da Fazenda ressaltou que Lira defendeu a
manutenção do cronograma para a regulamentação da reforma tributária sobre o
consumo, com votação ainda neste semestre.
Até o momento, no entanto, a Câmara não criou um grupo de
trabalho para debater a regulamentação. Nesta semana, Lira disse que o
colegiado terá 50 dias para formatar um texto de consenso, o que pode comprimir
o prazo para votação antes do recesso parlamentar.
A fonte da Câmara afirmou que o grupo ainda não foi
constituído porque nem todas as indicações de membros foram feitas, mas que há
disposição para resolver a questão e cumprir o compromisso de votar o texto até
o meio do ano.
Além do projeto principal para regulamentar as regras gerais da
reforma, o governo ainda enviará um segundo texto com normas relacionadas ao
novo regime tributário para Estados e municípios.
Em outra frente, o governo precisa apresentar ao Congresso
uma fonte de compensação para a perda de arrecadação com a desoneração da
folha, que, após acordo, será mantida neste ano para 17 setores da economia e
reduzida gradualmente a partir de 2025.
A fonte da Câmara apontou demora no envio dos projetos e
ressaltou que o tema da reoneração precisa ser resolvido logo porque sem uma
solução as empresas afetadas voltarão a pagar a tributação mais alta caso não
haja decisão judicial em sentido contrário.
Um ensaio de acordo pode estar a caminho. Em resposta ao
Supremo Tribunal Federal, o Senado concordou com pedido apresentado pela
Advocacia-Geral da União (AGU) para suspender, por 60 dias, os efeitos da
liminar dada pelo ministro Cristiano Zanin que havia suspendido a prorrogação
da desoneração da folha de pagamento para 17 setores até 2027.
O Senado informou ainda que o senador Efraim Filho
(União-PB) apresentou no último dia 15 um projeto que prevê um regime de
transição para a desoneração, fruto de acordo entre o Executivo e o
Legislativo.
Duas das fontes ainda afirmaram que temas menos polêmicos,
como a agenda microeconômica defendida pela Fazenda, também poderão avançar
neste semestre. Entre os projetos em tramitação no Congresso apoiados pela
pasta, estão regras para instituições financeiras em crise, normas para a
incidência de juros em processos judiciais e uma simplificação em execuções
extrajudiciais.
Fonte: Brasil 247 com Reuters
Nenhum comentário:
Postar um comentário