As pausas respiratórias noturnas
prejudicam os estágios do sono, que têm uma função essencial no funcionamento
do cérebro
Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein - Pessoas que sofrem de apneia do sono, um distúrbio que pode
causar uma parada da respiração, podem ter mais risco de perda de memória e
problemas cognitivos, sugere um estudo recém-apresentado no encontro da
Academia Americana de Neurologia, que aconteceu em abril em Denver, Estados
Unidos. Segundo os autores, o resultado reforça a importância de diagnosticar
corretamente a doença.
A apneia é uma doença caracterizada por pausas
respiratórias durante o sono que levam à queda da saturação do oxigênio no
sangue e geram microdespertares noturnos. Como alguns desses episódios são de
curta duração, muitas vezes a pessoa não tem consciência deles nem se lembra de
ter acordado. Mas esses despertares causam a fragmentação do sono.
O estudo apresentado no congresso envolveu 4.257 pessoas, que
responderam um questionário do National Health and Nutrition Examination, informando seus dados sobre a qualidade
do sono, com questões relacionadas a ronco, pausas respiratórias, sensação de
acordar sem ar, e sobre a dificuldade de memória, a concentração ou a confusão
mental. Após o ajuste de fatores que podem afetar a memória, como idade e nível
educacional, os pesquisadores constataram que aqueles que apresentavam sintomas
de apneia tinham 50% mais risco de ter problemas de memória.
Uma das limitações do trabalho é que ele não usou exames
de polissonografia para fazer o diagnóstico de apneia. Embora o estudo não
aponte uma relação de causa e efeito, a associação entre a pausa respiratória e
a cognição faz sentido, dizem os especialistas. “A apneia causa uma alteração
da arquitetura do sono, que é a distribuição dos estágios de sono ao longo da
noite. O sono fragmentado altera esses estágios, geralmente resultando em
redução daqueles mais profundos, que têm um papel importante no funcionamento
do cérebro, na formação da memória e na capacidade de aprendizado”, explica a
neurologista e especialista em medicina do sono Maira Honorato, do Hospital
Israelita Albert Einstein. Além disso, a própria queda da saturação de oxigênio
afeta diretamente o funcionamento do cérebro.
A apneia também prejudica outra função importante do sono, que é
a ativação de um processo de “limpeza cerebral”, o sistema glinfático, que
drena resíduos tóxicos do Sistema Nervoso Central.
A apneia é mais comum
em homens - Entre os fatores de risco para o
desenvolvimento da apneia estão ser do sexo masculino, idade avançada,
obesidade, malformação craniana e retrognatia (a posição do maxilar em que o
queixo fica para trás). A doença causa sintomas noturnos (ronco, pausas respiratórias,
acordar com falta de ar ou várias vezes à noite) e diurnos (sonolência,
cansaço, dificuldade de concentração e problemas de memória).
O tratamento depende da gravidade, da
idade do paciente e da presença de fatores como malformação craniana e inclui o
uso do CPAP (um dispositivo usado para dormir que gera pressão nas vias aéreas
através de uma máscara), cirurgias ortognáticas, sessões de fonoaudiologia e
tratamento odontológico, com o uso de uma placa mandibular, além de mudanças no
estilo de vida.
Fonte: Brasil 247
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