Mensagens mostram que procuradores se
preocupavam com nulidade de atos a partir de grampo ilegal na cela de Alberto
Youssef
Conjur - Conversas entre integrantes da
extinta “lava jato” de Curitiba mostram que o procurador Deltan Dallagnol já se
preocupava em 2015 que a revelação de métodos nada ortodoxos adotados nas
investigações levassem à anulação de processos.
A conversa se refere a escutas clandestinas encontradas em
2014 na cela do doleiro Alberto Youssef. No diálogo, os procuradores torcem
para que a perícia feita em um computador de delegados envolvidos na escuta não
encontre nada.
“Sai na segunda a entrevista do Marco Aurélio (então ministro do
STF, hoje aposentado) dizendo que as escutas podem anular a lava jato”, diz
Deltan em um trecho do diálogo. A conversa é de 4 de julho de 2015.
Em seguida, o coordenador da “lava jato” sugere se
antecipar para que a tese de nulidade não ganhe corpo. A ideia é ouvir Youssef
formalmente e pedir para o doleiro dizer que nunca foi confrontado com
elementos obtidos nas escutas.
“O que acham de ouvir Y (Youssef) formalmente (…)
preventivamente, antes que eles desenvolvam a tese de nulidade? Arriscado?”.
Um procurador identificado como “Orlando”,
possivelmente Orlando Martello, diz que não adianta ouvir o doleiro,
porque eventual nulidade decorreria das informações obtidas ilegalmente por
meio da escuta clandestina. Em seguida, diz que o que resta é torcer para não
“ter nada” no computador periciado.
“É melhor não mexer e torcer para não ter nada naquele
computador. Apreenderam os computadores dos dps também!”, diz o procurador.
Deltan responde: “Ich… Tomara que não achem os vazamentos
dos DPs kkkk”. Os diálogos não indicam de que tipo de vazamento os procuradores
estão falando.
“Quero ver ser macho” - No
diálogo, um procurador identificado apenas como “Diogo”, possivelmente Diogo
Castor, diz que eventual anulação da “lava jato” levaria a uma “revolução”.
“Quero ver ser macho para anular a lava jato. Se fizer
isto vai ter revolução”, diz.
“Quero ver ser macho pra devolver mais de R$ 500 milhões para
réus confessos”, completa Deltan.
Diogo Castor é apontado como o responsável por instalar em
Curitiba um outdoor em homenagem à “lava jato”. O caso chegou ao Conselho
Nacional do Ministério Público, que em 2021 puniu o procurador com pena de
demissão por causa da instalação.
Escuta clandestina - A
escuta clandestina foi encontrada em abril de de 2014 pelo próprio Youssef. Uma
sindicância foi feita, mas a PF concluiu que o equipamento estava inativo.
Diversos depoimentos, no entanto, contradizem a conclusão.
Delegados da PF afirmaram à CPI da Petrobras que a escuta
estava ativa e que foram gravadas conversas enquanto Youssef estava preso junto
com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Um segundo laudo também comprovou a existência da escuta
ilegal e que o grampo funcionava quando foi encontrado por Youssef.
Fonte: Brasil 247 com informações do Conjur
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