Estratégia do Ministro da Fazenda lembrou os confrontos protagonizados pelo ex-ministro da Justiça, Flávio Dino
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adotou a estratégia do ex-ministro da Justiça, Flávio Dino, para confrontar e ironizar os deputados bolsonaristas em sessão realizada nessa quarta-feira na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. As falas do chefe da equipe econômica viralizaram nas redes, que relembraram os embates entre Dino e o parlamentares da oposição.
Veja, abaixo, alguns dos momentos mais destacados da visita do Ministro da Fazenda à Câmara dos Deputados.
Madonna e a terra redonda
Haddad foi acusado de ser um “negacionista da economia” pelo deputado Abílio Brunini (PL-MT). O parlamentar acusou o ministro de negar os números da economia e estar ‘manso’, enquanto o Brasil não está se desenvolvendo na economia.
– O senhor é um negacionista da economia? Não acredita nos números? O senhor não queria estar no ministério da Fazenda e gostaria de estar no ministério da Fazenda tocando Black Bird? O senhor está fazendo discurso manso, enquanto o Brasil não está desenvolvendo na economia – disse o deputado.
– O deputado Abílio me acusa de gostar de filme, livro e música. Eu gosto da cultura, eu sei que o bolsonarismo tem dificuldade com as artes. Vocês não gostam. Vocês vão ter que aprender a respeitar um dos maiores patrimônios desse país – disse Haddad.
– Tipo a Madonna? Tipo o show da Madonna? – perguntou o parlamentar.
– Deputado, isso não é problema seu, não vai no show da Madonna, quem gosta vai. Essa é a prática do bolsonarismo, não querer ouvir. ‘A vacina, sou contra’. Não quer ouvir. O senhor me chama de negacionista? Eu defendi a vacina o tempo todo. A terra é redonda o tempo todo. Vocês negam que a terra é redonda, vocês negam a vacina, vocês negam que deram o calote em precatório, calote em governador – disse Haddad.
Exame de DNA no calote
Haddad ainda respondeu às acusações dos deputados Abílio Brunini e Filipe Barros (PL-PR) sobre a continuidade do déficit fiscal no país. O ministro justificou que as contas estão negativas graças ao que chama de “calote” do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro ao quitar a dívida de precatórios (indenizações devidas pela União decorrentes de decisões judiciais).
– Só tiveram dois presidentes que deram calote: (Fernando) Collor e (Jair) Bolsonaro. Aí vem o presidente (Lula) e paga o calote. “Ah, olha o déficit que o presidente Lula fez”. Esse déficit, deputado, não é nosso. O filho é teu, tem que assumir a paternidade, faz o exame de DNA que vai saber quem deu calote. Eu não quero polarizar com o senhor, não vim para cá para isso, vim para restabelecer a verdade – disse Haddad.
A gestão Bolsonaro colocou um limite no pagamento dessas dívidas, adiando, na prática, essa despesa. No fim do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o governo Lula a quitar R$ 95 bilhões do estoque represado por meio de crédito extraordinário. A oposição acusa o governo atual de fazer manobra contábil.
“Fala mal do Tarcísio”
Durante a sessão, o ministro também disse para o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) “parar de lacrar na rede”. O parlamentar defendia a manutenção da isenção para importação de produtos de até U$50. O ministro defendeu que existe um apelo do setor de varejo e que o parlamentar deveria ouvir os empresários.
– Feche a porta para ouvir e parar de lacrar na rede – disse o ministro.
Haddad ainda disse que o deputado não critica os governadores por terem instituído cobranças de ICMS para os importados.
— Pega o microfone e fala mal do Tarcísio (de Freitas, governador de São Paulo). Coragem, deputado. Fala, deputado — afirmou o ministro.
“No lombo do trabalhador é mais fácil”
Ao falar de ajuste fiscal, Haddad defendeu o combate ao patrimonialismo e o corte de privilégios.
“No lombo do trabalhador é sempre mais fácil fazer o déficit cair. Difícil é fazer com justiça tributária e com justiça social”, disse o ministro, enfatizando a diferença entre o governo atual e a gestão de Bolsonaro.
Fonte: Agenda do Poder com informações do GLOBO.
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