domingo, 19 de maio de 2024

Ciro Gomes perde prestígio político para o irmão e enfrenta dificuldades manter competitivo seu candidato à Prefeitura do Ceará

 Após amargar o quarto lugar na eleição presidencial de 2022, Ciro observa debandada no PDT local; em 2020, o partido elegeu 67 prefeitos, mas apenas 14 deles permanecem na sigla



Antes reconhecido como o principal cabo eleitoral do Ceará, o ex-ministro e ex-candidato à Presidência Ciro Gomes enfrenta dificuldades para formar alianças e se posicionar nas eleições deste ano. Ciro, principal articulador do PDT, tenta recuperar seu prestígio após o rompimento político com seu irmão, o senador Cid Gomes, que se filiou ao PSB. A cinco meses das eleições municipais, Cid ameaça arrebatar o espólio político do pedetista.


Após amargar um quarto lugar na eleição presidencial de 2022, Ciro observa uma debandada no PDT local. Em 2020, o partido elegeu 67 prefeitos, mas apenas 14 deles permanecem na sigla. A avaliação, tanto de nomes da direita quanto da esquerda, é que o atual prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), apoiado principalmente por Ciro, corre o risco de não ser reeleito e até de ficar fora do segundo turno.


Já o PSB de Cid agora comanda 64 prefeituras, sendo o maior partido do estado, seguido pelo PT, que governa 45 municípios. O pré-candidato à prefeitura de Fortaleza e presidente da Assembleia do Ceará, Evandro Leitão (PT), aliado de Cid, conseguiu atrair os apoios do PSB, PP, PSD e Republicanos, partidos que anteriormente apoiavam Sarto.


Além disso, Leitão conta com o apoio do MDB e do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), e mantém uma relação melhor com o governo federal. Sarto, por outro lado, não participou de um evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a visita ao estado em janeiro.


Evandro Leitão era do PDT até o ano passado. Contudo, diante da decisão do partido de não apoiar o governo estadual, postura liderada por Ciro, ele decidiu sair da sigla e ingressar no PT. Pelo mesmo motivo, Cid se filiou ao PSB.


O atual prefeito, José Sarto, conta com o engajamento do PSDB, do ex-senador Tasso Jereissati, e de partidos menores como Avante e Agir, o que deve resultar em pouco tempo de propaganda no rádio e na TV. No entanto, o fato de comandar a máquina municipal é visto como uma vantagem para o pré-candidato do PDT.


Além do petista Evandro Leitão, o ex-deputado Capitão Wagner (União Brasil), que consolidou uma base de eleitores na cidade com seu discurso voltado para a segurança, também pode ameaçar a ida de Sarto para o segundo turno. Outras pré-candidaturas incluem André Fernandes (PL), associado ao bolsonarismo, e o senador Eduardo Girão (Novo).


Cid Gomes mencionou que conversou com seu irmão há algumas semanas, mas descartou qualquer composição política. “Um amigo em comum organizou um almoço, mas não houve nenhuma alteração no quadro político,” disse Cid.


A tendência é que o PSB de Cid indique o candidato a vice na chapa de Leitão para a prefeitura de Fortaleza. No final de março, Ciro culpou o ministro da Educação, Camilo Santana, senador licenciado pelo PT, pela desorganização do PDT. “O Camilo está por trás dessa cisão no PDT, está por trás de toda a cooptação,” afirmou Ciro.


Capitão Wagner avalia que tanto Sarto quanto Evandro são candidatos fortes. “São duas máquinas poderosas. Qualquer um dos dois pode estar no segundo turno,” disse Wagner.


Em Sobral, berço político de Ciro, a situação é ainda pior para o PDT, pois o partido ainda não decidiu se lançará um candidato. Com o rompimento entre os grupos de Ciro e Cid, o prefeito de Sobral, Ivo Gomes, irmão dos dois, também deixou o PDT para se filiar ao PSB.


As divergências entre os irmãos Cid e Ciro Gomes ocorrem desde as eleições de 2022 e envolvem o mesmo tema: o apoio ao PT. Cid apoiou Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno, contrariando Ciro, que após ficar em quarto lugar na votação, decidiu não declarar apoio ao petista, que acabou vencendo o então presidente Jair Bolsonaro.


Fonte: Agenda do Poder com informações de O Globo.

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