A jornada acontece em um clima de recessão econômica e precarização salarial
RT - Os
sindicatos argentinos realizam nesta quinta-feira (9) a segunda greve nacional
desde a posse do presidente Javier Milei, com um alto grau de adesão que vai
paralisar a economia do país sul-americano por 24 horas.
Ruas semi-vazias; escritórios do governo, escolas, bancos,
lojas e restaurantes fechados; voos cancelados; transporte público limitado e
hospitais atendendo apenas emergências são alguns dos efeitos do dia de
protesto convocado pela Confederação Geral do Trabalho (CGT) e pela Central de
Trabalhadores da Argentina (CTA, que está dividida em duas facções).
Diferentemente da greve anterior, realizada em 24 de janeiro,
desta vez não houve manifestações, apenas uma paralisação sob o lema "a
pátria não se vende".
Os motivos da greve são diversos. Por exemplo, contra a
reforma trabalhista promovida pelo governo na Lei Bases, em discussão no
Congresso, que aprofunda a precarização de milhões de trabalhadores.
Também é devido à crise econômica que se agravou e, em apenas
cinco meses, aumentou drasticamente a pobreza, que agora atinge cerca de 50%,
enquanto os salários têm uma perda de poder de compra de 17%.
Além disso, em meio a um cenário de recessão, há uma queda
de 21,2% na indústria e de 42,2% na construção, dados oficiais divulgados às
vésperas da greve.
Os líderes da CGT avaliaram o resultado da greve e afirmaram
que, pela sua "contundência", o governo deve "tomar nota" e
reconfigurar sua política de ajuste, que está levando a população "a
extremos".
"Longe de ser sustentável, estão levando a população
a extremos que dificilmente poderão se recuperar se isso continuar", disse
Héctor Daer, líder do sindicato da Saúde e co-secretário-geral da central
sindical.
Reações
Horas antes do início da greve, Milei publicou uma foto em que aparecia
sorridente com uma camiseta com a frase "Eu não paro".
Os membros do gabinete aderiram depois à campanha para contrariar o
protesto.
"Minha solidariedade a todos os trabalhadores que não podem
ir trabalhar hoje e receberão menos no final do mês, resultado dessa greve.
Sinto que o sindicalismo está cada vez mais distante da realidade",
escreveu nas redes sociais o ministro da Economia, Luis Caputo.
"As pessoas já abriram os olhos e estão cientes de
que só sairemos desse desastre com esforço e sacrifício, não gastando mal o
dinheiro dos contribuintes ou imprimindo mais pesos para que cada vez valham
menos. Continuemos confiando, estamos no caminho certo", acrescentou.
A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, optou por mostrar
fotos de supostos danos a ônibus de uma empresa que não aderiu à greve.
"Não deixemos que destruam tudo o que estamos
conquistando. Nós vamos proteger todos os que forem trabalhar", disse ao
reiterar que quem for "obrigado" a parar pode fazer uma denúncia
anônima na linha telefônica aberta pelo governo para esse fim.
O porta-voz Manuel Adorni já havia alertado que aos
trabalhadores estatais que aderirem à greve será descontado o salário.
Em luta
Rodolfo Aguiar, secretário-geral da Associação de
Trabalhadores do Estado (ATE), afirmou hoje que a greve alcançou uma adesão de
97% em nível nacional neste setor.
"As tentativas do governo de instilar medo e temor
foram infrutíferas. Exceto aqueles que garantem serviços mínimos essenciais,
nenhum funcionário público foi trabalhar. Neste momento, a adesão à medida é
quase total em todo o país", afirmou, lembrando que os funcionários
públicos não estão parando "por esporte", mas sim obrigados pelo
governo.
"Sua política econômica, a redução dos salários reais
e as demissões são apenas algumas das causas de nossa decisão. Temos um governo
que se ajoelha diante do poder estrangeiro e, assim, traça um caminho de
servidão. Temos que demonstrar que nunca nos ajoelharemos. O plano de luta no
Estado não vai parar", explicou.
Por outro lado, Rubén Sobrero, líder do Sindicato
Ferroviário (trabalhadores do transporte ferroviário), e Eduardo Belliboni, do
Partido Obrero, advertiram que se o governo não responder às demandas desta
jornada massiva, vão promover uma terceira greve geral, mas de 36 horas.
Fonte: Brasil 247 com RT
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