Dia terminou com sete pessoas selecionadas para o Grande Júri, pouco mais de um terço das 18 necessárias para iniciar o julgamento, composto por 12 jurados e seis suplentes
No segundo dia de seleção do júri em Nova York para o caso de suborno envolvendo o ex-presidente americano Donald Trump, as redes sociais têm desempenhado um papel crucial na escolha dos potenciais jurados.
Além de responderem a um questionário composto por 42 perguntas — que abordam temas como imparcialidade e conexões de amigos e familiares com grupos pró ou contra o ex-presidente republicano —, a equipe de defesa está investigando postagens antigas dos candidatos em busca de indícios de inclinação política que possam comprometer a integridade do julgamento criminal, que marca o primeiro do gênero contra um ex-chefe de Estado dos EUA.
O dia encerrou com sete pessoas selecionadas para o Grande Júri, pouco mais de um terço das 18 necessárias para iniciar o julgamento, composto por 12 jurados e seis suplentes. Inicialmente, esperava-se que essa fase durasse aproximadamente duas semanas, mas a seleção tem avançado surpreendentemente rápido — contrariando os esforços dos advogados de Trump, que buscam adiar o caso até depois das eleições de novembro, nas quais o republicano concorre à Presidência contra o atual mandatário, Joe Biden.
O processo de seleção funciona da seguinte maneira: a cada dia, dezenas de cidadãos de Nova York comparecem ao Tribunal Criminal de Manhattan e são entrevistados individualmente pelo juiz encarregado do caso, Juan Merchan.
Na maioria dos casos, os potenciais jurados não chegam ao final do questionário — seja por admitirem incapacidade de julgar imparcialmente devido a suas próprias convicções sobre o ex-presidente, seja por terem compromissos previamente agendados durante o andamento do processo, que deve se estender até julho.
No primeiro dia, mais da metade dos 96 cidadãos participantes foram rapidamente dispensados, evidenciando o desafio de formar um júri em um reduto democrata como Nova York.
No entanto, passar pelo interrogatório não garante uma vaga no Grande Júri. Tanto a defesa quanto a promotoria podem entrevistar os candidatos por até 15 minutos cada e descartá-los até dez vezes sem motivo. A equipe de Trump já utilizou esse recurso contra seis potenciais jurados, enquanto a promotoria o fez em quatro ocasiões.
Contudo, não há limite para solicitações de dispensa por justa causa, desde que aceitas pelo juiz — e é neste ponto que as publicações antigas nas redes sociais entram em jogo.
Um dos candidatos rejeitados nesta terça-feira foi um homem que se recusou a revelar sua opinião sobre Trump durante o interrogatório da defesa. No entanto, a equipe encontrou um meme sobre o ex-presidente em uma de suas redes sociais, o que resultou em sua dispensa.
Em outra situação semelhante, uma potencial jurada foi questionada sobre um vídeo postado no dia da eleição de 2020, quando Trump foi derrotado por Biden. A defesa argumentou que as imagens mostravam uma celebração da derrota do republicano, enquanto a mulher explicou que havia registrado uma “celebração na cidade de Nova York”.
Apesar dos debates sobre a validade de conteúdos antigos nas redes sociais para avaliar as convicções políticas de alguém, a defesa continuará usando esses elementos para dificultar a tarefa de encontrar 18 pessoas sem histórico de manifestações sobre o ex-presidente em um ambiente majoritariamente democrata como Nova York.
Trump é acusado de manipular 34 registros contábeis para esconder o pagamento de US$ 130 mil (R$ 660 mil) à ex-atriz pornô Stormy Daniels, com quem supostamente teve um caso extraconjugal em 2006. O pagamento teria sido feito através de seu então advogado, Michael Cohen, poucos meses antes da eleição de 2016, para evitar que a história prejudicasse sua campanha contra a democrata Hillary Clinton. A revelação da história ocorreu em 2018, quando Trump já ocupava a presidência. Se condenado, ele pode enfrentar até quatro anos de prisão.
Fonte: Agenda do Poder com informações de O Globo.
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