"Seis meses depois, não sabemos mais nada sobre o caso. Nada. Nenhuma revelação, nenhuma pista", disse ela
Por
Sâmia Bomfim, no X – Há
06 meses o Brasil acordava com a notícia de que 3 médicos haviam sido mortos a
tiros na Barra da Tijuca. Nunca sai da minha cabeça a lembrança de abrir o
celular e ver a foto do meu irmão. Uma dor absurda, impossível, insustentável.
Por que? Executado... meu irmão? Seis meses depois, não sabemos mais nada sobre
o caso. Nada. Nenhuma revelação, nenhuma pista, prova... Vocês devem ter visto
na TV no dia seguinte: caso encerrado. Para quem?
Com a resolução do crime que matou Marielle, está ainda
mais evidente pro país que as instituições que deveriam proteger as pessoas
são, na verdade, parte do problema da violência, das chacinas, da dor que
dilacera a vida de tanta gente. Todos os dias eu acordo frustrada porque não é
tudo só um pesadelo. Ninguém merece passar por isso. As milícias precisam ter
fim. Todos os responsáveis por ela precisam ser responsabilizados.
Essa foi uma das últimas fotos que ele tirou, junto com Perseu,
que também foi morto, e Daniel, o único sobrevivente. Marcos chegaria minutos
depois. Conversavam sobre a vida, planos profissionais e pessoais. Se
encontraram para passar o fim de semana num Congresso internacional de
ortopedia. Meu irmão falava desse Congresso há mais de um ano. Ele queria muito
ir.
Diego era um cara incrível. Muito inteligente, dedicado,
carinhoso, atencioso. É muito emocionante encontrar seus amigos, seus
pacientes, todos falam dele com um enorme carinho. Ele se formou pelo FIES. Fez
residência em ortopedia, especialização em pé, tornozelo, reconstrução óssea.
Sempre mandava uma foto todo orgulhoso de uma cirurgia que tinha feito. Contava
que ela mudaria a vida daquela pessoa. Era muito emocionante vê-lo realizando
seus sonhos. Poucos dias antes, disse que finalmente estava engatando na
profissão. Estava feliz no namoro. Tinha acabado de se mudar pro AP novo, fazia
3 meses. O último móvel chegou semana passada...
O luto é uma dor que não passa, um buraco que nunca se fecha. Você convive. A vida segue, mas a perda, a saudade e a dor continuam.
Fonte: Brasil 247
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