O mapa destaca ainda os países que compõem o G20 e aqueles que possuem representação diplomática brasileira
Agência Gov – O IBGE
divulgou nesta terça-feira, 9, a publicação "Criando Sinergias entre a
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e o G20: caderno desigualdades -
primeiras análises", estudo que buscou promover a articulação entre as
agendas do G20 e dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A análise dos dados confirma a distância entre os países
do G20 e os objetivos propostos para 2023. No entanto, entre os dados que
confirmam avanços no caso brasileiro, está a queda da taxa de mortalidade
causada por consumo de água não-tratada. Em 2000, essa taxa era, em média, de
7,2%, caindo para 4,4% em 2022.
Ainda nesta terça, na Casa G20 - Casa de Cultura Laura Alvim, em
Ipanema, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), o IBGE lançou a 9ª edição do Atlas Geográfico
Escolar do IBGE , referência para estudantes de todo o
país, com dados geográficos, cartográficos e estatísticos. O mapa-múndi,
elaborado pelo IBGE, traz como novidade o Brasil no centro do planeta. O mapa
destaca ainda os países que compõem o G20 e aqueles que possuem representação
diplomática brasileira. A nova edição do Atlas traz outras informações básicas
sobre o Brasil, como população e área.
A divulgação destes produtos foi feita em parceria com a
Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Secretaria de Ambiente e
Sustentabilidade, Instituto Estadual do Ambiente, órgãos do Governo do Estado
do Rio de Janeiro, além do G20 Brasil e Rio 2030, promovido pela Autoridade do
Desenvolvimento Sustentável do Estado do Rio de Janeiro.
Agenda ODS e G20
O Instituto tem realizado um esforço de produção dos indicadores globais
para o monitoramento da Agenda 2030 no País, de forma colaborativa com as
demais instituições produtoras de dados oficiais, e tendo representação em
diversos grupos internacionais sobre o tema.
A coordenadora do Projeto ODS na Presidência do IBGE, Denise
Kronemberger, explica que a desagregação de dados para os indicadores ODS é
fundamental para a implementação da Agenda 2030, pois permite captar a
população em situação de vulnerabilidade e as desigualdades, para então
combatê-las através de políticas públicas. O produto resultante desse esforço
colaborativo é a Plataforma ODS Brasil , que
disponibiliza atualmente um conjunto de 125 indicadores para o acompanhamento
da Agenda 2030 no Brasil.
“Os indicadores seguem as metodologias e padrões
internacionalmente estabelecidos e são calculados com os dados nacionais
oficiais produzidos regularmente. Com essa publicação, o IBGE traz para o
debate as sinergias existentes entre a Agenda 2030 e o G20, fornecendo um
primeiro conjunto de informações que possam subsidiar as discussões sobre o
tema das desigualdades, que se darão no âmbito dos grupos de trabalho e
forças-tarefas, bem como no G20 Social e na própria Cúpula, a ser realizada em
novembro”, diz Kronemberger.
A publicação traz sete indicadores globais dos ODS, que
apresentam um retrato das desigualdades entre países do G20, através da
informação mais recente disponível para a maioria dos países. Na sequência, há
17 indicadores produzidos para Brasil e Grandes Regiões, relativos a sete ODS,
que mostram a importância da desagregação de dados quando revelam desigualdades
nas mais variadas dimensões (renda, gênero, cor ou raça, grupos de idade,
pessoas com deficiência e desigualdades regionais).
Índia, Brasil e Indonésia têm as maiores proporções de pessoas
abaixo da linha de pobreza
O indicador ODS 1.1.1, “Proporção da população vivendo
abaixo da linha de pobreza internacional”, revela que entre os países do G20
que possuem informação na Base Global de Indicadores ODS, considerando a linha
de pobreza de U$ 2,15/dia, Índia (12,9%), Brasil (5,8%) e Indonésia (2,5%)
apresentaram as maiores proporções de pessoas em situação de pobreza, em 2021.
Houve decréscimo em 2022 no Brasil (3,5%) e Indonésia (2,5%). Não há dados de
2022 para Índia. O indicador também deixa visíveis as disparidades: em 2021,
enquanto a Índia possuía 12,9% da população abaixo da linha de pobreza
internacional, a proporção na França era de 0,1%, e de 0,2% nos Estados Unidos
e no Reino Unido.
Em relação ao acesso à educação (ODS 4), o estudo mostra
que, em 2021, nenhum país do G20, que produz o indicador alcançou a cobertura
universal de conclusão do ensino médio, considerando as pessoas de 20 a 22 anos
de idade. Nos EUA, a taxa alcançou 94,58%; enquanto no México era 59,53% e no
Brasil, 73,37%.
México, África do Sul e Argentina têm maior representação de
mulheres nos parlamentos
O indicador 5.5.1, “Proporção de assentos ocupados por
mulheres em parlamentos nacionais, indica que México (50%), África do Sul
(46,72%) e Argentina (44,95%) são os países do G20 com a maior representação de
mulheres nos parlamentos nacionais. Em vários países, a distância para uma
representação igualitária é maior: Japão (9,68%), Brasil (14,81%) e Índia
(14,94%). Já em relação ao indicador 5.5.2, “Proporção de mulheres em posições
gerenciais”, entre os países que dispõem do indicador, o Brasil (38,8%) ocupa a
terceira posição, atrás apenas de Rússia (46,2%) e EUA (41,4%).
Os indicadores do ODS 8 (crescimento econômico) revelam
que a taxa de informalidade na Índia, Indonésia, África do Sul, Turquia e
Alemanha é maior entre as mulheres. Enquanto na Índia a taxa é de 91,32% para
as mulheres, na Alemanha é de 4,61%.
Já a taxa de desocupação é maior entre a população de 15 a 24
anos em todos os países do G20 que apresentam informação para o indicador.
Entre as mulheres dessa faixa etária, os maiores valores ocorrem na África do
Sul (53,85%), na Arábia Saudita (26,41%), na Itália (25,81%) e na Turquia
(25,71%). Entre a população de 25 anos ou mais de idade, as maiores taxas são
observadas para homens (24,73%) e mulheres na (27,42%) África do Sul e para
mulheres na Arábia Saudita (13,98%). As maiores diferenças na taxa de
desocupação por sexo nessa faixa etária ocorrem na Arábia Saudita (12,13p.p.),
Turquia (3,57 p.p.) e Brasil (3,43 p.p.).
Em 2021, número de assassinatos foi o
maior em duas décadas, afetando mais os homens
No caso do ODS 16 (Promoção da paz), de acordo com o
último relatório da ONU para os ODS, 2021 foi o ano que apresentou o maior
número de homicídios intencionais no mundo em relação às duas últimas décadas.
Entre os 15 países do G20 com informações sobre o número de vítimas de
homicídio, África do Sul, México e Brasil apresentaram os maiores valores em
2021. As vítimas de homicídios são bem maiores entre os homens. Na África do
Sul foram registradas 72,04 vítimas homens/100 mil habitantes, enquanto no Japão
o valor foi 0,25, também para os homens. A taxa global foi de 5,8/100 mil,
também em 2021, sendo que 9,3 para homens e 2,2 para mulheres. No Brasil, as
vítimas de homicídios intencionais são sobretudo homens jovens. A maior taxa em
2022 foi encontrada no grupo de homens com 20 a 24 anos (99,1 por 100 mil
habitantes).
Desigualdade no Brasil afeta mais os
jovens e a população da área rural
A publicação traz também um estudo da desigualdade
enfocando o caso brasileiro. O ODS 1 (erradicação da pobreza), mostra que no
Brasil a pobreza monetária está concentrada nas pessoas mais jovens, com até 17
anos de idade (46,6% abaixo da linha da pobreza). A proporção da população
abaixo da linha nacional de pobreza, segundo a situação do domicílio, é maior
na área rural, 38,7% ante 15,3% da área urbana. Já o Índice de Pobreza
Multidimensional Não Monetário mostra que, apesar da redução, a pobreza é concentrada
nas regiões Norte (5,2%) e Nordeste (4,3%).
Morte por suicídio aumenta em todas
as regiões
Quanto ao ODS 3 (saúde e bem-estar), houve redução da taxa
de mortalidade de nascidos vivos durante os cinco primeiros anos de vida, entre
2000 e 2022, em todas as regiões do Brasil. O Nordeste e o Norte apresentaram
as maiores reduções da taxa de mortalidade em menores de cinco anos. Em 2000, o
Nordeste tinha a maior taxa de mortalidade (41,2); em 2022, o posto foi ocupado
pela região Norte (19,7).
Já em relação à taxa de mortalidade por suicídio, na
população com cinco anos ou mais, houve aumento em todas as regiões, com maior
crescimento no Nordeste (171,6%) – passando de 2,6 para 7,1 óbitos por cem mil
habitantes. No total Brasil, o aumento correspondeu a 79,9% - saindo de
4,3, em 2000, para 7,8 óbitos por cem mil habitantes, em 2021. Entre 2020 e
2021, também se observa crescimento de 11,2%.
Crianças e idosos são as maiores
vítimas da falta de saneamento
Houve ainda redução de 38,9% da taxa de mortalidade por
doenças atribuídas a fontes de água inseguras, saneamento inseguro e falta de
higiene e das desigualdades regionais (indicador 3.9.2), embora estas
permaneçam marcantes. No Nordeste a taxa caiu de 9,8 em 2020 para 5,5 em 2021,
no Norte, a taxa caiu de 7,7 para 4,8. Em 2022, 79,2% dos óbitos atribuídos a
fontes de água inseguras, saneamento inseguro e falta de higiene ocorreram
entre idosos de 60 anos ou mais.
Indicadores de educação refletem
desigualdades regional e de renda
Quanto ao ODS 4 (Educação de qualidade), em 2022, 89,8%
das pessoas de 17 a 19 anos haviam concluído o ensino fundamental. Entre os 20%
da população com os maiores rendimentos, a taxa de conclusão do ensino
fundamental chegou a 97,1% e, entre os 20% da população com os menores
rendimentos, essa taxa foi de 81,6%. Em 2022, 95,9% das pessoas de cinco anos
de idade frequentavam escola no Brasil. A região Norte apresentou o menor
percentual (89,9%), enquanto a região Sudeste o maior (97,0%).
Mulheres dedicam o dobro do tempo dos
homens aos afazeres domésticos
Para o ODS 5 (Igualdade de gênero), os indicadores
mostraram que as mulheres dedicam o dobro do tempo em trabalho doméstico não
remunerado e cuidados do que os homens. Essas diferenças também aparecem na
desagregação por grupos de idade, sendo que as mulheres entre 50 e 59 anos
dedicam 13,3% do seu tempo nesta atividade, enquanto para as de 14 a 29 anos a
proporção é de 4,5%. Para as mulheres pretas ou pardas a proporção é maior
(12,2%). Em relação à participação das mulheres em posições gerenciais, pouco se
avançou em 11 anos, alcançando 39,3% em 2022. As mulheres brancas representam
67,7% das posições gerenciais ocupadas por mulheres.
No ODS 8 (Trabalho decente e crescimento econômico), a
taxa de informalidade das pessoas com deficiência é maior nas regiões Norte e
Nordeste, onde mais da metade das pessoas de 15 anos ou mais de idade ocupadas
se encontram nessa situação (69% e 64,9% respectivamente). Por outro lado, na
região Sul, a taxa alcança 46,3% para pessoas com deficiência, embora a
desigualdade permaneça como nas demais regiões (29,6% para pessoas sem
deficiência). O rendimento médio por hora é menor entre as pessoas com deficiência
(R$ 11,7) e as mulheres (R$ 14,2), com valores menores que o total nacional (R$
15,7).
Maioria se sente insegura nas ruas
O ODS 16 revela os eventos relacionados à busca pela paz.
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 mostra que mais mulheres, pessoas
pretas ou pardas e moradores de áreas urbanas reportaram ter sido vítimas de
violência nos 12 meses que antecederam a pesquisa (indicador 16.1.3). Pessoas
pretas foram as maiores vítimas, com 20,6% delas reportando violência.
O indicador Proporção da população que se sente segura
quando caminha sozinha na área onde vive se (16.1.4) mostra que uma minoria se
sentia segura em 2021 (48,3%), com forte diferença por sexo (41,1% das mulheres
se sentiam seguras, contra 55,1% dos homens), por cor ou raça (46,7% das
pessoas pretas ou pardas contra 50,5% das pessoas brancas) e Grandes Regiões,
com a menor proporção de pessoas se sentindo seguras na região Norte (39,6%).
Atlas e mapa-múndi
O IBGE divulgou também a 9ª
edição do Atlas Geográfico Escolar, publicação que reúne dados sobre
clima, vegetação, uso da terra, divisão política e regional, características
demográficas, indicadores sociais, espaço econômico e das redes, diversidade
ambiental do Brasil e de mais de 180 países.
Com mais de 200 mapas, dentre físicos, políticos e
temáticos do Brasil e do mundo, a nova edição conta com uma versão digital para
download ( https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv102069.pdf )
no portal do Instituto, com inovações na forma de apresentação das informações.
O maior diferencial são os mapas com o Brasil no centro do mundo. No caso
brasileiro, destaque para os mapas que ilustram os territórios indígenas e
quilombolas, e as distribuições desses grupos étnicos nesses espaços, objetos
de investigação no Censo Demográfico 2022. Estão presentes, ainda, informações
a respeito das ecorregiões terrestres, aspectos da cobertura e uso da terra,
bem como sobre as espécies ameaçadas de extinção.
Assim como as edições anteriores do Atlas, a nova está em
conformidade com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ministério da
Educação. Reformulado e atualizado, o Atlas desta vez possui uma quantidade
maior de QR Codes, que levam o leitor a gráficos interativos, vídeos e links
para conteúdos complementares.
Nesta terça-feira também foi lançado o mapa-múndi elaborado pelo IBGE, com o
Brasil no centro da projeção e com marcação dos países que compõem o G20, dos
que possuem representação diplomática brasileira, além de informações básicas
sobre o Brasil, como população e área, entre outros dados. Para baixar o mapa,
acesse o link https://educa.ibge.gov.br/images/mapas/pdf/mundo-paises-g20.pdf .
Relatório de Gestão 2023 mostra as
atividades do IBGE
O IBGE disponibilizou à sociedade o Relatório de Gestão
2023, após efetuar uma série de mudanças no formato da publicação. O documento
é uma exigência do Tribunal de Contas da União (TCU) junto aos órgãos da
administração federal, sendo produzido anualmente e divulgado na página do IBGE
na internet. Essa divulgação precisava ser feita até 31 de março. O relatório
de 2023 enviado ao TCU pode ser acessado aqui .
A produção do Relatório de Gestão 2023, sob
responsabilidade da Coordenação de Planejamento e Gestão, começou em dezembro
do ano passado. Desde então, questões relacionadas à elaboração do texto foram
discutidas em reuniões com integrantes de diretorias, coordenações gerais e
unidades vinculadas diretamente à presidência. Pela primeira vez, o relatório
será também multimídia. Além das versões impressa e digital, a sociedade poderá
acessar o conteúdo de forma interativa, em formato de e-book. No caso da versão
impressa, de forma inédita, será utilizado material reciclado na produção.
Haverá ainda um vídeo institucional sobre a publicação. Os aperfeiçoamentos
implementados na formatação do documento foram feitos sob supervisão do CDDI
CCS, orientado pela presidência, sempre buscando a modernização das ações de
comunicação do Instituto.
Fonte: Brasil 247 com Agência Gov
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