Ganho das classes mais abastadas é
consequência da política monetária de Roberto Campos Neto
Nos próximos anos, o Brasil não
deve testemunhar um fenômeno semelhante ao registrado nos dois primeiros
mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre 2003 e 2010, quando houve uma
significativa migração de membros das classes D/E para a classe C. De acordo
com projeções da consultoria Tendências, os maiores beneficiários devem ser os
estratos mais ricos da sociedade, especialmente a classe A. Esse cenário se
desenha em meio a uma conjuntura marcada por taxas de juro elevadas e
limitações fiscais para ampliar programas de transferência de renda aos menos
favorecidos, segundo aponta reportagem da
Folha de S. Paulo.
Essa previsão reflete uma realidade onde os ganhos de
capital dos mais privilegiados, sejam empresários ou indivíduos com
investimentos, desempenham um papel preponderante. Mesmo com expectativas de
possível redução da taxa básica de juro, a Selic, que atualmente se encontra em
10,75% ao ano, as perspectivas indicam que permanecerá em patamares
relativamente altos. Essa tendência é influenciada não apenas por questões
internas, mas também pela manutenção de juros elevados em países como os
Estados Unidos, devido a preocupações com inflação.
A dinâmica da economia brasileira, aliada às pressões externas,
contribui para que investimentos conservadores ofereçam retornos atrativos,
superando até mesmo a inflação. Em contraponto, as despesas com juros da dívida
pública continuam a representar uma fatia expressiva do orçamento, tornando
ainda mais desafiador para o governo destinar recursos para políticas de
redistribuição de renda.
Enquanto isso, as projeções apontam para um cenário menos
favorável para as classes D/E, cujo crescimento da massa de renda tende a ser
mais modesto nos próximos anos. A expectativa é de índices de correção menos
generosos para programas como o Bolsa Família, em virtude das restrições
fiscais enfrentadas pelo governo Lula 3. Essa realidade contrasta com o período
entre 2003 e 2010, quando o país se beneficiou de uma conjunção de fatores
favoráveis, incluindo reformas estruturais, crescimento global robusto e
aumento dos preços das commodities.
Nesse contexto, a classe A desponta como
a principal beneficiária, com previsões de aumento significativo na massa de
renda real. Por outro lado, a classe D/E tende a experimentar um crescimento
mais contido. O analista de macroeconomia da Tendências, Lucas Assis, ressalta
que as condições que impulsionaram a migração de milhões de pessoas para a
classe C nos anos 2000 não se repetem, o que impacta diretamente na capacidade
do governo de promover a ascensão social.
Fonte: Brasil 247 com reportagem da Folha de S. Paulo
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