José Rodrigo Sade. Foto: reprodução
O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) retomará o julgamento das ações solicitando a cassação do senador Sergio Moro (União Brasil) nesta quarta-feira (3). A nova sessão começará com o voto do desembargador José Rodrigo Sade, nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o cargo no início deste ano.
Em dezembro passado, o Ministério Público Federal se manifestou pela cassação de Moro, sustentando que houve o abuso de poder econômico. Nos bastidores, a vaga do ex-juiz já era, inclusive, disputada em uma espécie de pré-campanha eleitoral.
Embora tenha sido indicado pelo chefe do Executivo, Sade seguia a uma página no Instagram intitulada “fora, Lula”, quando foi selecionado para o cargo em fevereiro, conforme informações do Globo.
A página “Fora Lula” seguida por Sade — Foto: Reprodução
Antes de ingressar na Corte eleitoral, onde assumiu o papel de julgar Moro, Sade atuou como advogado de Deltan Dallagnol, ex-procurador da Operação Lava-Jato em Curitiba. Na última segunda-feira (1°), o desembargador solicitou vista após o relator Luciano Carrasco Falavinha Souza manifestar-se contra a cassação do mandato do ex-juiz.
Após Sade, os desembargadores Claudia Cristina Cristofani, Julio Jacob Junior, Anderson Ricardo Fogaça, Guilherme Frederico Hernandes Denz e Sigurd Roberto Bengtsson, presidente da Corte, também proferirão seus votos.
Nas redes sociais, Sade mantém um perfil discreto, com uma conta privada no Instagram com cerca de mil seguidores na época de sua indicação. Ele seguia uma variedade de políticos de diferentes orientações ideológicas, incluindo as contas oficiais de Lula e Moro. Dallagnol, seu ex-cliente, não estava entre os perfis seguidos pelo desembargador.
Além disso, Sade seguia o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e membros de sua família, como a ex-primeira-dama Michelle, o senador Flavio, o vereador Carlos, o deputado federal Eduardo e sua esposa Heloisa. Ele também acompanhava páginas não oficiais relacionadas ao ex-presidente, como Bolsonaro Caipira e Bolsonaro TV.
Outros ex-ministros que se tornaram senadores, como Damares Alves (Republicanos) e Marcos Pontes (PL), também estavam entre as figuras associadas ao ex-presidente na lista de perfis seguidos por Sade.
Quem é José Rodrigo Sade?
Quando Sade ingressou como juiz substituto no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) em janeiro de 2022, indicado por Bolsonaro, seu pequeno currículo divulgado pela Corte revelou que ele era sócio de um renomado escritório de advocacia em Curitiba, onde liderava o setor de Contencioso Estratégico.
O magistrado também possui pós-graduação em Direito Contemporâneo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e frequentou a Harvard Law School como aluno ouvinte.
Atuando como membro substituto no tribunal regional paranaense, Sade julgou diversas ações ligadas à prestação de contas, incluindo o caso de descumprimento da apresentação dos gastos de campanha de 2020 do Partido Social Democrático (PSD) dentro do prazo estabelecido.
José Rodrigo Sade. Foto: reprodução
Embora Moro enfrente acusações de abuso de poder econômico, caixa 2 e uso indevido dos meios de comunicação na eleição de 2022, em um caso considerado mais sério, as questões sobre controle financeiro durante o período anterior ao pleito estão em destaque.
Durante suas deliberações, o juiz destacou que “a presença de omissões de arrecadações e gastos nas contas parciais, quando corrigidas na apresentação da versão final da contabilidade, constituem irregularidades formais e geralmente não são suficientes para a desaprovação das contas, merecendo apenas ressalvas”.
No âmbito do TRE-PR, Sade chegou a se declarar impedido de avaliar casos relacionados a Deltan, que concorreu a deputado federal naquele ano e posteriormente foi eleito e cassado pelo TSE. O ex-procurador atuou como coordenador da Operação Lava-Jato em Curitiba, liderada pelo então juiz Sergio Moro.
Sade defendeu Deltan em um processo privado de indenização por danos morais, que não estava relacionado ao campo eleitoral. Nesse caso, o ator José de Abreu foi condenado a pagar R$ 41,8 mil ao ex-parlamentar por danos morais decorrentes de ofensas pessoais postadas no Twitter. Além disso, o advogado representou o ex-jogador de vôlei Giba em 2018 em ações envolvendo o pagamento de pensão alimentícia.
Fonte: DCM
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