Petistas e bolsonaristas. Foto: reprodução
A mais recente pesquisa do Datafolha mostra que, embora bolsonaristas e petistas tenham opiniões divergentes em relação à avaliação do governo Lula (PT) e de instituições como o Congresso Nacional e o STF (Supremo Tribunal Federal), há pontos de convergência em temas como a reeleição e a minimização da data do golpe de 1964.
De acordo com o levantamento do instituto, 41% dos entrevistados se identificam como petistas, em comparação com 31% do grupo adversário. Essa análise engloba tanto os declaradamente bolsonaristas quanto aqueles que se consideram mais alinhados com o PT, e vice-versa. Além disso, 21% das pessoas afirmam manter uma posição neutra.
Permanece constante em 5%, em comparação com a primeira e mais recente pesquisa sobre o tema realizada em dezembro, o número daqueles que rejeitam qualquer vínculo partidário.
Governo Lula
O que se observa é que há divergências de interpretação entre petistas e bolsonaristas em relação à avaliação do primeiro ano e dois meses do mandato de Lula. Enquanto 68% dos eleitores do PT consideram a gestão como ótima ou boa, apenas 6% dos eleitores de Bolsonaro compartilham dessa opinião.
Essa perspectiva se inverte quando a administração é julgada como ruim ou péssima – apenas 6% dos petistas expressam essa visão, enquanto 71% dos bolsonaristas desaprovam o governo até o momento. Entre os neutros, 46% consideram a gestão como regular.
Petistas e neutros concordam que as ações econômicas representam o ponto mais forte do terceiro mandato de Lula até agora, com 21% e 12%, respectivamente.
Por outro lado, os bolsonaristas, em sua maioria (58%), acreditam que nada feito por Lula foi positivo, destacando os programas sociais como a marca mais significativa de sua gestão.
Já no campo da diplomacia, houve o atrito de Lula com Israel, comparando o conflito do país com o grupo terrorista Hamas com o Holocausto, que repercutiu mal especialmente entre os evangélicos.
Avaliação das instituições
Na atual polarização política brasileira, as opiniões divergentes também se refletem na avaliação das instituições, especialmente quando os eleitores são questionados sobre o STF, que tem sido palco de uma série de ações contra Bolsonaro.
Bandeiras de apoio a Bolsonaro e a Lula agitadas por apoiadores em Brasília. Foto: Ueslei Marcelino
Entre os petistas, 45% veem a atuação dos ministros do Supremo como ótima ou boa, contrastando com apenas 12% dos bolsonaristas que concordam com essa opinião. Por outro lado, 52% dos apoiadores do ex-presidente expressam uma visão ruim ou péssima, em comparação com 9% dos adeptos do PT.
No que diz respeito à avaliação dos senadores e deputados federais atualmente no Congresso, são os petistas que mais consideram o desempenho deles como ótimo ou bom, com 30% de aprovação. Essa opinião é compartilhada por 17% dos bolsonaristas e 16% dos neutros, uma avaliação inferior à média geral, que é de 22%.
Embora os números gerais sejam modestos, esta é a melhor avaliação do Parlamento brasileiro desde a pesquisa de dezembro de 2003, quando o índice de ótimo/bom era de 24%.
A avaliação positiva dos apoiadores do partido de Lula ocorre em meio a uma série de conflitos entre o Executivo e o Legislativo federal, e concessões realizadas pelo Palácio do Planalto em termos de cargos e emendas parlamentares para ampliar sua base, com a participação do centrão.
Quanto à questão da reeleição, introduzida por emenda constitucional no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e agora questionada por proposta no Senado, tanto os autodeclarados petistas quanto os bolsonaristas defendem a continuidade do formato.
Entre os petistas, 69% apoiam a reeleição, enquanto entre os bolsonaristas esse índice é de 54%. Já entre os neutros, há uma divisão, com 52% contra a continuidade de mandato e 46% a favor.
Democracia
Tanto os apoiadores do PT quanto os bolsonaristas e neutros estão de acordo com a ideia de que a democracia é o melhor regime político em comparação com qualquer outro. Esta visão é compartilhada por 73% dos simpatizantes do PT de Lula, 68% dos que apoiam Bolsonaro e 70% dos neutros.
No entanto, as convergências nesse tema têm limites. Entre os bolsonaristas, 10% acreditam que em determinadas circunstâncias é preferível uma ditadura do que uma democracia, enquanto 19% entendem que tanto faz se o regime é autoritário ou democrático.
Bandeiras de apoio a Bolsonaro e a Lula agitadas por apoiadores. Foto: reprodução
Além disso, os apoiadores de Bolsonaro são os que mais temem uma transição do país para uma ditadura, com 32% expressando essa preocupação. Entre os petistas, essa taxa cai para 13%, enquanto entre os neutros fica em 15%.
Golpe e 8 de janeiro
Apesar das críticas direcionadas a Lula por ter ignorado os 60 anos do golpe de 1964 e vetado ministros de realizar eventos sobre o tema, tanto petistas quanto bolsonaristas estão de acordo com a ideia de que a data deveria ser desconsiderada.
Entre os apoiadores do capitão reformado do Exército, 58% acreditam que a data deve ser ignorada, enquanto entre os que apoiam a sigla do atual mandatário, esse número é de 68%.
Esses números refletem a opinião geral, com 63% dos entrevistados favoráveis ao desprezo da efeméride, em comparação com 28% que defendem a comemoração do evento que marcou a queda de João Goulart (PTB) da Presidência e o início de 21 anos de ditadura militar.
As divergências começam a surgir quando os ataques golpistas de 8 de janeiro são discutidos. Quando questionados sobre uma possível anistia aos vândalos que depredaram os prédios da praça dos Três Poderes, 70% dos petistas e 62% dos neutros são contrários à ideia.
Os números entre os bolsonaristas, no entanto, mostram uma possível divisão, com 54% sendo contra o perdão pelos crimes cometidos pelos golpistas e 41% a favor.
A pesquisa Datafolha foi realizada entre os dias 19 e 20 de março, entrevistando presencialmente 2.002 pessoas de 16 anos ou mais em 147 municípios do Brasil. A margem de erro nos resultados gerais da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Fonte: DCM
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