segunda-feira, 25 de março de 2024

Segredo de justiça: anexos da delação de Lessa revelam outros crimes além da morte de Marielle


Ronnie Lessa. Foto: reprodução

O relatório do inquérito da Polícia Federal (PF) sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes revela anexos sigilosos da delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, autor confesso do crime. Ele também forneceu informações sobre outros 11 crimes que cometeu, mantidos em segredo de justiça, conforme informações do Globo.

De acordo com as investigações da PF, os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão foram indiciados como mandantes, enquanto o delegado Rivaldo Barbosa foi considerado partícipe do crime, acusado de obstruir a elucidação do caso. Os três estão sob prisão preventiva no presídio federal de Brasília.

Durante as buscas autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, foram apreendidos celulares, computadores e documentos nos imóveis dos suspeitos.

A expectativa da PF é que essas apreensões forneçam mais evidências após seis anos dos assassinatos, especialmente em relação às suspeitas de que Rivaldo tenha recebido propina para impedir que as investigações da Delegacia de Homicídios da Capital chegassem aos verdadeiros culpados.

Mais crimes investigados

As diligências conduzidas pelo delegado da PF, Guilhermo Catramby, em colaboração com o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MPRJ), abrem uma nova perspectiva para resolver inquéritos estagnados há pelo menos 12 anos na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).

Essa iniciativa visa dar continuidade às investigações, agora sob a responsabilidade dos promotores, sobre casos como os assassinatos do candidato a vereador e presidente da Portela, Marcos Falcon, em 2016, e do contraventor Haylton Escafura, ligado ao universo das milícias e da contravenção. Alguns desses crimes estão relacionados à disputa territorial entre milícias e grupos criminosos.

As fontes ligadas à investigação reconhecem as dificuldades de obtenção de provas decorrentes do longo período decorrido desde os crimes. Imagens de locais frequentados pelos envolvidos, por exemplo, tornaram-se indisponíveis ao longo do tempo. Além disso, os registros das antenas de celular, que poderiam fornecer pistas valiosas, não são retidos por períodos prolongados.

Apesar dos desafios enfrentados, o delegado e sua equipe, composta por oito agentes federais, mantiveram-se dedicados desde o início da investigação, em fevereiro do ano passado. A convocação pelo então ministro da Justiça, Flávio Dino, para desvendar os mandantes dos assassinatos de Marielle e Anderson, impulsionou os esforços da PF.

Dia histórico', diz Instituto Marielle Franco após prisão de suspeitos | Política | Valor EconômicoMarielle Franco. Foto: reprodução

Dino, que inicialmente ofereceu apoio ao governador do Rio, Cláudio Castro, para conduzir as investigações, assumiu o caso posteriormente, o que foi visto como um alívio para a Polícia Civil, enquanto o Gaeco continuou comprometido com a apuração.

Apesar das tentativas de obstrução da justiça, como a introdução de testemunhas falsas e a destruição de evidências, incluindo imagens e dispositivos eletrônicos, o avanço nas investigações foi possível. Um dos documentos fundamentais foi o relatório do delegado federal Leandro Almada, que desmascarou a primeira farsa do caso, conhecida como “investigação da investigação”.

Nesse relatório detalhado, Almada identificou Rivaldo como responsável por conduzir a testemunha falsa, o ex-policial militar Rodrigo Ferreira, conhecido como Ferreirinha. Esse foi o ponto de partida que, após um ano de investigação pela nova equipe da PF, levou Ronnie Lessa a colaborar com as autoridades.

Fonte: DCM com informações do jornal O Globo

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