O advogado André Luiz Fernandes Maia, o “Doutor Piroca”, assassinado em 2021. Foto: reprodução
Com a divulgação do relatório final da Polícia Federal (PF) no caso Marielle, surgiram vários nomes de figuras conhecidas ligadas à extrema direita e ao bolsonarismo. Entre eles, um apelido peculiar chamou a atenção: “Doutor Piroca”, cuja identidade verdadeira é André Luiz Fernandes Maia.
“Doutor Piroca” era advogado e, na noite de 12 de março de 2018, véspera do assassinato de Marielle, passou um bom tempo com Lessa estudando uma forma de realizar o crime de forma “adequada”, sem deixar rastros ou levantar suspeitas sobre a autoria. Também é citado que eles estavam tomando uísque.
“Passados tais eventos e fissurado para angariar mais informações acerca da vítima, no dia 12 de março de 2018, dois dias antes do homicídio de Marielle e Anderson, RONNIE, por meio da já descrita ferramenta CCFácil, utilizou o CPF de Marielle e o de sua filha Luyara como parâmetros de pesquisa e, depois, pesquisou o resultado do endereço: Rua do Bispo, 227, como parâmetro junto ao Google Maps. Instado a se manifestar acerca do porquê ter pesquisado tal parâmetro junto ao Google Maps, sendo certo que já tinha realizado o levantamento in loco da região, RONNIE asseverou que naquele dia 12 estava na companhia de seu amigo ANDRÉ LUIZ FERNANDES MAIA, vulgo DOUTOR PIROCA, tomando uísque e, obcecado para encontrar uma alternativa viável para a execução, passou a estudar o endereço da Rua do Bispo com afinco. O resultado de tais pesquisas quedou-se inócuo, uma vez que a rota eficaz que levou à morte de Marielle chegou aos executores, segundo RONNIE, por outra via.”, diz um trecho do relatório final da PF.
No entanto, não foi possível tomar qualquer providência judicial contra “Doutor Piroca”, pois ele foi morto com pelo menos 10 tiros numa área de milícia da Zona Oeste do Rio, apenas 29 dias depois do assassinato de Marielle. Ele saía de casa no bairro do Anil, quando dois homens ocupando uma moto o abordaram e dispararam à queima-roupa.
Mais de três anos depois, em agosto de 2021, um dos acusados pelo crime foi preso pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, no município de Miguel Pereira, na região centro-sul do estado. Arthur Ferreira Lopes Filho já era apontado pelas autoridades como integrante da milícia que controla o Anil e tinha passagens por extorsão, associação criminosa e falsidade ideológica.
Vale destacar que o inquérito sobre a execução de “Doutor Piroca” concluiu que ele teria sido morto por “atuar ativamente contra a milícia e se negar a se aliar a criminosos”.
Isso soa estranho, pois se trata de alguém que estava envolvido em atividades junto com Ronnie Lessa, peça-chave em várias execuções a mando de milícias do Rio, enquanto planejava um assassinato encomendado por importantes milicianos.
Fonte: DCM
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