Comunicado emitido pelo chanceler da
Venezuela classifica nota do Itamaraty como "cinzenta e intervencionista"
O chanceler da Venezuela, Yvan
Gil, emitiu uma nota oficial nesta terça-feira (26) repudiando o comunicado
recente do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. A
declaração brasileira expressava preocupações sobre o processo eleitoral na
Venezuela, observando o impedimento da candidata indicada pela Plataforma
Unitaria, força política de oposição, de registrar sua candidatura, entre
outros pontos.
Segundo Gil, o comunicado brasileiro é considerado
"cinzento e intervencionista", sugerindo que possivelmente teria sido
"ditado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos". Ele
argumentou que o comunicado continha comentários carregados de "profundo
desconhecimento e ignorância sobre a realidade política na Venezuela".
O chanceler venezuelano enfatizou o compromisso de seu país com os princípios diplomáticos e de não interferência nos assuntos internos de outras nações, incluindo o Brasil. Ele destacou que a Venezuela não emite juízos de valor sobre processos políticos e judiciais em outros países e espera o mesmo respeito em troca. Confira o comunicado do chanceler venezuelano na íntegra:
O Ministério do Poder Popular para as Relações Exteriores da
República Bolivariana da Venezuela repudia o comunicado cinzento e
intervencionista redigido por funcionários da chancelaria brasileira, que
parece ter sido ditado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, no qual
são emitidos comentários carregados de profundo desconhecimento e ignorância
sobre a realidade política na Venezuela.
O governo venezuelano
tem mantido uma conduta fiel aos princípios que regem a diplomacia e as
relações amistosas com o Brasil, sendo que em nenhuma hipótese, emite, nem
emitirá juízos de valor sobre os processos políticos e judiciais que ocorrem
naquele país, consequentemente tem a moral para exigir o mais estrito respeito
pelo princípio da não ingerência nos assuntos internos e em nossa democracia,
uma das mais robustas da região.
Chama a atenção que a chancelaria brasileira não esteja
preocupada com as tentativas de magnicídio e desestabilização que foram
desmanteladas nas últimas semanas, incluindo a tentativa de ontem, quando um
extremista da organização Vente Venezuela foi preso com armas, disposto a
atentar contra a vida do presidente Nicolás Maduro Moros, durante a
impressionante manifestação que o acompanhou no momento da sua inscrição como
candidato.
O Poder Eleitoral
venezuelano convocou para o dia 28 de julho deste ano, a eleição presidencial
que corresponde por mandato constitucional. Esta ocorrerá de maneira exitosa,
como o resto dos acontecimentos que se completaram nos últimos 25 anos da
Revolução Bolivariana, sem intervenção ou tutela de qualquer força estrangeira.
Finalmente, o Governo Bolivariano agradece as expressões de
solidariedade do Presidente Lula Da Silva, que condenam direta e
inequivocamente o bloqueio criminoso e as sanções que o governo dos Estados
Unidos impôs ilegalmente, com o objetivo de produzir dano ao nosso povo.
Caracas, 26 de Março
de 2024
Fonte: Brasil 247
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