quarta-feira, 27 de março de 2024

Orlando Curicica diz que Rivaldo Barbosa recebia propina na delegacia para travar investigações ligadas ao jogo ilegal

 Miliciano acusou o delegado, detido por ligação com o assassinato de Marielle, de ter transformado a Delegacia de Homicídios (DH) em um local de corrupção

Entregas de dinheiro na delegacia, vazamentos de informações para investigados e inquéritos sabotados foram denunciados pelo miliciano Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica, em depoimento gravado ao Ministério Público do Rio.

Curicica acusou o delegado Rivaldo Barbosa, detido por ligação com o assassinato de Marielle, de ter transformado a Delegacia de Homicídios (DH) em um local de corrupção. Ele afirmou que Barbosa recebia subornos para não resolver casos ligados à máfia do jogo ilegal no Rio e mencionou ter pago R$ 18 mil ao delegado para evitar uma acusação de posse ilegal de arma.

– Houve uma busca em minha casa e encontraram uma pistola, mas eu não estava lá. Entraram em contato comigo dizendo que colocariam a culpa na minha esposa. Pediram R$ 20 mil para não a incriminar. O Dr. Rivaldo. Na época, eu tinha um Palio preto, consegui vendê-lo por R$ 18 mil e enviei o dinheiro para a DH. Foi junto com o advogado que acompanhou minha esposa ao depoimento. Enquanto ela era ouvida, a extorsão aconteceu. Depois disso, o delegado não mexeu mais no caso. O inquérito é de 2013 e continua sem solução”, afirmou Curicica aos promotores.

Antes de falar com os promotores, Curicica foi apontado como um dos mentores do assassinato de Marielle por uma testemunha falsa, o PM Rodrigo Ferreira, conhecido como Ferreirinha, seu rival no controle de favelas de Jacarepaguá. Posteriormente, a PF descobriu que o relato de Ferreirinha era uma farsa criada pelos verdadeiros responsáveis pelo crime de Marielle para atrapalhar as investigações.

Na época do depoimento, Curicica temia ser condenado pelo crime e decidiu revelar o que sabia sobre a atuação de grupos de assassinos no Rio, homicídios sem solução pela polícia e casos de corrupção na DH e no Ministério Público.

O relato foi incluído em um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) do MPRJ que permanece em andamento e foi citado no relatório final da investigação da PF, que identificou os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, além de Rivaldo Barbosa, como mandantes do assassinato da vereadora.

Curicica afirmou que a corrupção na DH aumentou a partir de 2015, quando Rivaldo Barbosa assumiu a chefia da Divisão de Homicídios. Ele explicou que, como Barbosa comandava as três DHs, era mais fácil praticar extorsões. O miliciano também revelou que dinheiro vindo da contravenção era entregue mensalmente na DH por um policial civil ligado ao bicheiro Anísio Abrahão David.

No depoimento, Curicica ainda mencionou que os bicheiros pagavam R$ 30 mil mensais ao promotor Homero das Neves Freitas Filho, atualmente aposentado, que trabalhava com a DH e foi responsável pelo caso Marielle nos primeiros seis meses. Segundo o miliciano, Freitas Filho e a DH sabotavam juntos as investigações para garantir que fossem arquivadas posteriormente.

Procurado, Homero Freitas Filho negou as acusações e afirmou que o depoimento de Curicica é uma tentativa desesperada de se livrar das acusações contra ele. O promotor declarou que nunca soube dessas acusações e nunca foi chamado para se explicar.

O advogado de Rivaldo Barbosa, Alexandre Dumans, negou as acusações e afirmou que seu cliente não recebeu propina para sabotar investigações. Ele ressaltou que qualquer omissão deve ser analisada em cada inquérito individualmente, não com base em um depoimento sem provas.

Fonte: Agenda do Poder com informações de O Globo.

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