Avaliação é de que uma eventual decretação da prisão de Bolsonaro enquanto estivesse dentro de uma embaixada poderia incentivar a narrativa de perseguição contra ele
Ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF) avaliam que a estadia de Jair Bolsonaro (PL) na
embaixada da Hungria, em Brasília, onde passou dois dias hospedado pouco depois
de ter o seu passaporte apreendido pela Polícia Federal em fevereiro, no âmbito
das investigações que apuram uma suposta trama para dar um golpe de Estado,
pode ser interpretada como uma tentativa de Bolsonaro de buscar apoio
internacional contra as investigações que enfrenta no Brasil.
Segundo a CNN Brasil,
a leitura política é que o ex-mandatário poderia estar buscando se retratar
como um "mártir" perante a comunidade internacional e a imprensa,
fortalecendo laços com governos e líderes da direita e da extrema direita
mundial. “É um fato que por ora prova por si só o seguinte: articulação
internacional dos populistas autoritários que têm em comum pouco apreço pelas
instituições democráticas”, disse um ministro do STF ouvido pela reportagem.
Nesta linha, Bolsonaro possui aproximação com figuras de extrema
direita como o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, o presidente
argentino, Javier Milei, e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Para os integrantes da Corte, a possibilidade de Bolsonaro
ser alvo de uma prisão enquanto estivesse dentro de uma embaixada poderia
servir como um estímulo para a narrativa de perseguição que ele vem promovendo.
Além disso, Bolsonaro estaria imune à prisão imediata por se encontrar em
território considerado inviolável do país representado pela embaixada.
Na segunda-feira (25), o ministro do STF Alexandre de Moraes
concedeu um prazo de 48 horas para que Bolsonaro explique a sua estadia na
embaixada apresentasse sua explicação.Medidas mais duras, como um eventual
pedido de prisão do ex-mandatário, porém, só deverão ser tomadas após uma
consulta a outros ministros da Corte.
“Moraes tomará tal decisão se, previamente, contar com o
apoio pelo menos de uma maioria dos ministros do STF para que o tribunal não
venha a se manifestar contrário à prisão depois. Até mesmo ministros que
defendem a prisão de Bolsonaro ressaltam que tudo seja feito de maneira muito
bem fundamentada para não contribuir com a tese de perseguição”, destaca a
reportagem.
Saiba mais - O jornal
norte-americano The New York Times revelou que Jair Bolsonaro (PL) buscou
refúgio na Embaixada da Hungria no Brasil durante o Carnaval, temendo ser preso
em decorrência das investigações que pesam contra ele, desde tentar um golpe de
Estado até falsificar certificados de vacinação. Bolsonaro teve seu passaporte
confiscado pela Polícia Federal em 8 de fevereiro, no âmbito das investigações
sobre uma trama golpista. Quatro dias depois, na noite de 12 de fevereiro,
Bolsonaro foi filmado entrando na Embaixada da Hungria, onde permaneceu até o
dia 14.
Bolsonaro esteve na companhia de seguranças e foi recebido
pelo embaixador húngaro e sua equipe. A estadia de Bolsonaro na embaixada
sugere uma tentativa de utilizar sua conexão com o primeiro-ministro da
Hungria, Viktor Orban, um líder de extrema direita, como um meio de escapar da
Justiça. Uma vez na embaixada, o ex-mandatário não poderia ser preso pelas
autoridades brasileiras. A proximidade entre Bolsonaro e Orban tem sido
evidente ao longo dos anos.
Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil
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