"Se houver um encontro que pode ser útil, é necessário fazê-lo. Se é um encontro que não é útil e vai provocar divisão, me parece não ser necessário fazê-lo", disse Emmanuel Macron
Sputnik
- A visita de Emmanuel Macron ao Brasil acabou nesta sexta-feira
(29). Ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tiveram uma agenda de três
dias em diversos pontos do país. O líder francês relacionou o eventual convite
de Lula a Putin no G20 ao seu convite ao presidente russo para evento do G7.
Na quinta-feira (28), ao falar sobre a
presidência do Brasil no G20, Macron disse a Lula que cabe ao líder decidir
sobre um eventual convite ao presidente Vladimir Putin para a cúpula do grupo
em novembro no Rio de Janeiro.
Segundo Macron, o tema deve ser abordado levando
em conta "a liberdade de quem convida e o respeito de todos" do G20,
relata a Folha de S.Paulo.
"Eu não tenho lição para dar a ninguém, mas
quando o presidente Lula convida, ele é responsável pelos seus convites",
disse Macron.
O líder francês usou como exemplo a reunião do
G7 em 2019, na França, quando ele convidou Putin para uma reunião dias antes da
cúpula do clube de países ricos.
Segundo Macron, ao levar a possibilidade de
convidar o presidente russo para o G7, houve reação dos demais membros do
grupo: "Coloquei-me a mesma questão em 2019, no momento do G7.
Colocamo-nos a mesma questão, de convidar o presidente Putin. A situação era
menos grave [...]."
"Jamais tive consenso dos outros [membros
do G7]. Alguns me disseram: 'Se você o chamar, eu não irei.' Isso será um
bloqueio. Então o que ocorreu é que eu tomei uma decisão de convidar o
presidente Putin a Brégançon, vocês se lembram talvez. Eu tentei chegar a um
resultado, já que haveria o G7 algumas semanas depois. Penso que é uma questão
legítima."
No entanto, a principal diferença do caso citado
por Macron é que a Rússia não é parte do G7, mas integra o G20 como membro
pleno. O líder francês destacou que as decisões do G20 são consensuais.
"Será um trabalho da diplomacia brasileira,
nós faremos tudo para ajudar. Se houver um encontro que pode ser útil, é
necessário fazê-lo. Se é um encontro que não é útil e vai provocar divisão, me
parece não necessário fazê-lo. Estamos a serviço da paz e do interesse
comum", afirmou.
Os dois líderes também conversaram sobre o
conflito na Ucrânia. Ao lado de Macron, Lula voltou a defender a paz no
conflito e disse que o Brasil segue neutro.
"[...] resolvemos não tomar lado porque nós
queremos criar condições de voltar à mesa de negociação e dizer que a guerra só
vai ter uma solução, que é a paz […]. A destruição, os gastos, os investimentos
em armas são muito maiores do que os investimentos feitos para combater a fome,
a desigualdade e a miséria."
Lula também relembrou que em 2003 declinou o
convite do então presidente dos Estados Unidos, George Bush, para participar da
invasão ao Iraque, já que seu compromisso sempre foi combater as desigualdades.
Já Macron afirmou que "a França quer o
diálogo, quer voltar à mesa de negociações. Mas a França quer dizer que não
somos fracos. Se houver uma escalada sem fim daqueles da agressão, nós temos de
nos organizar para não ter que lamentar apenas".
Fonte: Brasil 247 com Sputnik
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