terça-feira, 26 de março de 2024

Itamaraty chama embaixador húngaro para explicar hospedagem de Bolsonaro por dois dias na sede em Brasília

 Como iniciativa não partiu nem do presidente Lula nem de Mauro Vieira, o peso diplomático do encontro é relativamente menor

O Departamento de Relações Internacionais do Itamaraty chamou o embaixador húngaro no Brasil, Miklós Halmai, para uma reunião após a reportagem do jornal americano” The New York Times” revelar que o ex-presidente Jair Bolsonaro permaneceu na embaixada da Hungria em Brasília por dois dias, logo após ter seu passaporte confiscado.

Halmai foi recebido pela chefe da Secretaria de Assuntos Europeus e Americanos (SEAA), Maria Luisa Escorel. O Palácio do Planalto foi informado sobre o encontro.

Na diplomacia, a convocação de um embaixador para discussões é simbólica e depende do contexto. No caso específico da Hungria, o Brasil buscava esclarecimentos claros e detalhados sobre a visita de Bolsonaro à embaixada.

Como a iniciativa não partiu nem do presidente Lula nem do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o peso diplomático do encontro é relativamente menor.

As informações foram divulgadas pelo jornal nesta segunda-feira (25). A estadia de Bolsonaro ocorreu entre os dias 12 e 14 de fevereiro. No dia 8 do mesmo mês, o ex-presidente foi alvo de uma operação da Polícia Federal relacionada a uma suposta tentativa de golpe de estado. Durante a operação, o passaporte de Bolsonaro foi apreendido em sua sede partidária no Partido Liberal (PL).

No mesmo dia da operação, Orbán usou as redes sociais para expressar seu apoio ao amigo. Ele publicou uma foto ao lado de Bolsonaro com a legenda: “Um patriota honesto. Continue lutando, presidente Jair Bolsonaro”.

Em razão dessa publicação, Halmai foi convocado ao Ministério das Relações Exteriores para esclarecimentos. Esta é a segunda vez em menos de dois meses que o embaixador húngaro é chamado ao DRI para discussões.

Em nota à imprensa, a defesa de Bolsonaro confirmou que o ex-presidente ficou hospedado na embaixada por dois dias, “a convite”. Segundo o comunicado divulgado, os advogados de Bolsonaro afirmaram que ele “passou dois dias na embaixada da Hungria em Brasília a convite, mantendo contatos com autoridades do país amigo” e que, durante esse período, o ex-presidente “conversou com diversas autoridades húngaras, atualizando-se sobre os cenários políticos dos dois países”.

De acordo com a colunista do g1, Andréia Sadi, a Polícia Federal (PF) irá investigar as circunstâncias da visita. É importante ressaltar que o ex-presidente não poderia ser detido em uma embaixada estrangeira que o acolhesse, pois esses locais estão fora da jurisdição das autoridades locais.

 O “NYT” destaca, na matéria publicada nesta segunda-feira, a amizade entre Bolsonaro e o primeiro-ministro da Hungria, mencionando uma visita do ex-presidente brasileiro ao país europeu em 2022, durante a qual Bolsonaro chamou Viktor Orbán de “irmão”.

Em dezembro de 2023, os dois se encontraram na posse de Javier Milei – que também é um ultraconservador – como presidente da Argentina. No dia 12 de fevereiro, quando se dirigiu à embaixada húngara, Bolsonaro compartilhou um vídeo em uma rede social convocando seus seguidores para um evento em sua defesa no dia 25 de fevereiro na Avenida Paulista, em São Paulo.

Fonte: Agenda do Poder com informações do g1.

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