Ela destaca também a hipocrisia da direita, que defende punição rigorosa para outros crimes
A presidente do Partido dos
Trabalhadores (PT) e deputada federal, Gleisi Hoffmann, lançou duras críticas
aos membros bolsonaristas da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara
dos Deputados. Em meio a um cenário político carregado de tensões, Hoffmann
denunciou o interesse desses parlamentares em discutir a anistia para os
condenados dos eventos ocorridos em 8 de janeiro, uma data marcada por
tentativas de golpe de Estado.
"Aqui está uma prova clara de que o bolsonarismo
governa apenas para seus próprios interesses", afirmou Hoffmann.
"Enquanto clamam por punições mais severas para determinados crimes, como
seletivamente escolhidos, estão ávidos por conceder anistia aos que tramaram
contra a democracia. Para eles, o restante da população e até mesmo a
democracia não têm valor."
As declarações da deputada surgem em um momento em que o
Congresso Nacional se depara com uma série de propostas que visam conceder
anistia a indivíduos envolvidos em atos antidemocráticos. Pelo menos oito
projetos estão em discussão na Câmara dos Deputados e no Senado, incluindo uma
proposta notável do senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), especificamente
voltada para os responsáveis pelos eventos de 8 de janeiro de 2023.
Além disso, um grupo de 29 senadores assinou uma proposta
de emenda constitucional que visa perdoar os participantes das manifestações
consideradas terroristas na capital federal. Outras iniciativas, como a dos
senadores Guaracy Silveira (PP-TO) e Eliane Nogueira (PP-PI), propõem anistiar
multas aplicadas a caminhoneiros envolvidos em protestos após o anúncio dos
resultados das eleições de 2022, abrangendo também os manifestantes de janeiro
de 2023.
Na Câmara dos Deputados, projetos similares foram apresentados
por diversos parlamentares, incluindo Cabo Gilberto Silva (PL-PB), Jorge Braz
(Republicanos-RJ), Franciane Bayer (Republicanos-RS), José Medeiros (PL-MT),
Major Vitor Hugo (PL-GO) e Marcelo Crivella (Republicanos-RJ). Entre as
propostas, destacam-se aquelas que visam anistiar candidatos condenados por
manifestações antidemocráticas nas redes sociais.
Essa movimentação legislativa ocorre paralelamente à
investigação em curso sobre os eventos de 8 de janeiro de 2023. A Polícia
Federal lançou a Operação Tempus Veritatis ("A hora da Verdade") no
mês passado, com o objetivo de esclarecer os detalhes do plano golpista e
responsabilizar os envolvidos. A tentativa de golpe incluía planos para a
prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do presidente do
Senado, além de outros políticos e autoridades.
Entre os alvos da investigação estão nomes proeminentes, como os
generais Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, todos antigos
assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Diante desse contexto político delicado, as declarações de Gleisi Hoffmann refletem a preocupação com possíveis retrocessos democráticos e o uso seletivo do poder legislativo para favorecer interesses particulares, em detrimento da integridade institucional do país.
Fonte: Brasil 247
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