O carcinoma basocelular é o tipo mais comum de câncer de pele e o tratamento precoce resolve o problema definitivamente; visita ao dermatologista deve ser anual
Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein - Sabe aquela
feridinha no seu rosto que parece simples, que não incomoda em nada, mas
insiste em sangrar e não cicatriza? Cuidado. Ela pode indicar um carcinoma
basocelular – o tipo de câncer de pele mais comum na população e o de menor
mortalidade. Apesar disso, se não tratado adequadamente, ele pode aumentar de
tamanho e deixar mutilações significativas e indesejadas. A Organização Mundial
da Saúde (OMS) estima que sejam diagnosticados de 2 a 3 milhões de novos casos
de câncer de pele não melanoma todos os anos no mundo.
“O câncer de pele, independentemente do tipo, é o mais comum no ser
humano. Não existe outro câncer que chegue próximo do número de casos de câncer
de pele, nem mesmo de próstata ou de mama, que são os mais falados. Pode
parecer esquisito, mas uma hora ou outra, provavelmente, a gente vai descobrir
um câncer de pele”, alertou o dermatologista Andrey Malvestiti, do Hospital
Israelita Albert Einstein.
De acordo com o médico, os adultos que hoje têm por volta de 40 anos são
de uma geração que na infância foi muito exposta à radiação solar sem proteção
– quando viajava para a praia, por exemplo, “trocava” de pele (descascavam) com
frequência. “Somos de uma geração que foi chumbada pelo sol ao longo da vida,
numa época em que pouco se falava sobre os efeitos danosos do sol para a pele e
menos ainda sobre a importância do uso de protetor solar. Por isso é tão comum
esse tipo de câncer”, disse o dermatologista.
Existem muitos tipos de câncer de pele, sendo os mais comuns o carcinoma
basocelular (que representa cerca de 80% dos casos), o carcinoma espinocelular
(cerca de 15%) e o melanoma (que corresponde a aproximadamente 5% dos casos).
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), os cânceres de pele não melanoma
representam 30% de todos os tumores malignos registrados no país, ou seja: três
em cada dez casos de cânceres diagnosticados aqui são de pele. “O lado bom
dessa história é que a maioria, especialmente o basocelular, não é agressiva e
é altamente tratável e curável com a cirurgia”, disse Malvestiti.
Como desconfiar?
Todo câncer de pele começa por causa da reprodução desordenada de alguma
célula da pele. O carcinoma basocelular – como o próprio nome diz – tem origem
na camada basal da epiderme, que é mais fina e mais externa. Trata-se de uma
lesão maligna de crescimento muito lento, por isso, pode ser que as pessoas
passem anos da vida sem saber que têm um câncer de pele.
Em geral, o carcinoma basocelular costuma afetar mais os homens do que
as mulheres, atinge mais comumente as pessoas de pele mais clara e é mais
frequente em adultos com mais de 40 anos, com exceção dos que já possuem alguma
doença de pele. Ele costuma aparecer nas áreas mais expostas à radiação solar,
especialmente no rosto, nas orelhas e nos membros (braços e pernas).
Segundo Malvestiti, o sangramento aparentemente sem importância é o
principal sinal de alerta e costuma ser o motivo que leva as pessoas a
procurarem o dermatologista. Isso acontece porque as células cancerígenas
precisam de sangue para se nutrir e continuar crescendo – então a região do
tumor costuma ser mais vascularizada. Além disso, o tecido que recobre o tumor
após o sangramento é mais frouxo do que o tecido da pele saudável, por isso,
qualquer toque mais forte faz com que ele sangre.
“Se uma feridinha na pele não cicatrizou completamente em duas ou três
semanas e sangra com facilidade, procure um médico. É muito raro um machucado
que não cicatrize em um mês”, alertou o dermatologista.
O diagnóstico é confirmado por meio da biópsia, mas um dermatologista
experiente costuma identificar durante a consulta quando se trata de um
carcinoma basocelular por meio das características clínicas e da análise da
lesão com o uso do dermatoscópio – uma lente que aumenta dez vezes a
imagem.
“Após a
biópsia, se for confirmado que é um tumor, eu sempre digo aos meus pacientes
que tenho duas notícias. A notícia ruim é que é um câncer de pele e precisa ser
tratado. A boa notícia é que o carcinoma basocelular não dá metástase (ela pode
acontecer muito raramente, em menos de 0,01% dos casos), o que significa
que ele não se espalha para outras partes do corpo. Porém ele não para de
crescer. Se a pessoa não tirá-lo, ele pode aumentar e causar problemas
funcionais, como atrapalhar a visão. Sem falar do risco estético, pois, quanto
maior o tumor, mais complexa é a cirurgia para removê-lo e mais cicatrizes
existirão”, alertou o médico do Einstein.
O
tratamento de escolha padrão ouro do carcinoma basocelular é cirúrgico –
normalmente feito em consultório, com anestesia local. O objetivo é retirar
completamente a lesão e o tecido ao redor, como uma margem de segurança. Outros
recursos terapêuticos menos usados são a criocirurgia (também conhecida como
crioterapia) com nitrogênio líquido, laserterapia, curetagem, eletrocoagulação
e radioterapia – eles são indicados para casos específicos.
A prevenção, ressalta Malvestiti, inclui proteger a pele da exposição
solar com o uso do filtro solar diariamente e evitar ficar no sol entre 10 e 14
horas, além de tomar outras medidas de barreira, como usar óculos de sol, boné,
chapéu, blusas de manga comprida e proteção ultravioleta.
Também é importante que as pessoas incluam a visita de rotina ao
dermatologista pelo menos uma vez ao ano, mesmo sem sintoma nenhum. “Na
consulta, o ideal é que elas tirem a roupa para que o médico possa avaliar o
corpo todo, incluindo as costas e as pernas. Pode ser que o paciente tenha um
câncer e nem saiba simplesmente porque não consegue enxergá-lo”, finalizou o
médico.
Fonte: Brasil 247
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