terça-feira, 5 de março de 2024

Em depoimento à PF, Freire Gomes diz que Bolsonaro apresentou duas minutas de golpe

 Depoimento do brigadeiro Carlos de Almeida Batista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica, também implicou o ex-mandatário diretamente na trama golpista

Jair Bolsonaro, Freire Gomes e Almir Garnier SantosJair Bolsonaro, Freire Gomes e Almir Garnier Santos (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

 Em depoimento à Polícia Federal (PF) no âmbito do inquérito que apura a suposta tentativa de um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o general Marco Antonio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, relatou que “foram apresentadas a ele pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro e pelo ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, duas versões da minuta do golpe, avisando que aquilo tinha que ser implementado”, diz a jornalista Míriam Leitão, em sua coluna no jornal O Globo. Ainda segundo a reportagem, o depoimento do brigadeiro Carlos de Almeida Batista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica, também confirmou a trama golpista.  

O depoimento de Freire Gomes foi considerado pelos investigadores como "consistente" e "revelador", uma vez que ajuda a preencher lacunas sobre a reunião em que se discutiu detalhes do plano golpista, seus participantes e os detalhes do encontro. A minuta do golpe, encontrada no gabinete de Bolsonaro na sede do PL, reforçou a consistência da oitiva do general.

“O ponto central dos depoimentos, principalmente o do general Freire Gomes, é que o próprio presidente apresentou a minuta. Foi Bolsonaro também quem chamou reservadamente no Alvorada, o general Estevam Theophilo, comandante do Coter, o comando das Operações Terrestres, onde teria mostrado o ‘firme propósito de implementar o que estava escrito'". Aos investigadores, Theophilo disse que participou da reunião a mando de Freire Gomes, mas o general não confirma esta versão e nega ter dado alguma ordem neste sentido.

Uma questão que intriga os investigadores é o motivo pelo qual o general Freire Gomes não denunciou imediatamente o que estava sendo planejado. A estratégia de não denunciar e a falta de ação para desfazer os acampamentos diante dos quartéis são pontos em aberto na investigação.

De acordo com militares ouvidos pela reportagem, “denunciar poderia ser entendido como interferência no processo eleitoral. Nada falar também poderia ser entendido como interferência e que o general Freire Gomes tem a seu favor o fato de que a disciplina foi preservada nas 667 organizações militares da Força Terrestre”.

Fonte: Brasil 247 com informações da coluna da Miriam Leitão no jornal O Globo

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