Voto do ministro do STF foi proferido durante julgamento sobre os limites constitucionais das Forças Armadas no âmbito do artigo 142 da Constituição
O ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Luiz Fux destacou, nesta sexta-feira (29), durante o
julgamento de uma ação que trata sobre os limites constitucionais da atuação
das Forças Armadas e sua hierarquia em relação aos Poderes, que a Constituição não
abre espaço para uma "intervenção militar constitucional" e tampouco
"encoraja" qualquer tipo de "ruptura democrática".
“Qualquer instituição que pretenda tomar o poder, seja
qual for a intenção declarada, fora da democracia representativa ou mediante
seu gradual desfazimento interno, age contra o texto e o espírito da
Constituição", destacou Fux em seu voto, de acordo com o jornal O Globo.
Ainda segundo ele, “é premente constranger interpretações
perigosas, que permitam a deturpação do texto constitucional e de seus pilares
e ameacem o Estado Democrático de Direito, sob pena de incorrer em
constitucionalismo abusivo".
A ação está sendo julgada por meio do plenário virtual e
está programada para se estender até o próximo dia 8. O caso foi levado ao
Supremo por meio de uma ação apresentada pelo PDT em 2020, questionando o
emprego das Forças Armadas pelo presidente da República, especialmente com base
no artigo 142 da Constituição.
O artigo estabelece que "as Forças Armadas, constituídas
pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais
permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina,
sob a autoridade suprema do presidente da República, e destinam-se à defesa da
Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer
destes, da lei e da ordem.”
A discussão sobre o uso desse dispositivo constitucional
surgiu após Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores defenderem a aplicação do
artigo 142 para solicitar uma intervenção militar. Em um vídeo de uma reunião
ministerial de abril de 2020, divulgado após decisão da Corte, o então
mandatário aparece afirmando que "seria preciso fazer cumprir o artigo 142
da Constituição".
No entanto, o ministro Luiz Fux enfatizou
que uma interpretação "originalista e histórica" do artigo 142 não
permite qualquer entendimento que admita o emprego das Forças Armadas para a
defesa de um Poder contra o outro. Ele ainda repudiou veementemente o
"discurso que, sob o pretexto de interpretar o artigo 142 da Constituição,
encoraja uma ruptura democrática".
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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