Bolsonaro ao lado do Zé Gotinha, mascote do SUS. Foto: reprodução
A Polícia Federal (PF) revelou que o tenente-coronel Mauro Cid emitiu um certificado de vacinação falso, para o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua filha, diretamente do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. Em sua delação premiada, Cid afirmou que imprimiu o cartão e entregou pessoalmente a Bolsonaro.
Esse fato resultou no indiciamento de Bolsonaro, Cid e outras 15 pessoas por crimes como associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação.
O relatório final da investigação detalha como ocorreu a falsificação. A PF montou uma linha do tempo dos acontecimentos, mostrando que, às 7h57 do dia 22 de dezembro de 2022, Cid entrou no Alvorada e, um minuto depois, fez login em um dos computadores do local. Às 7h59, acessou a conta de Bolsonaro no ConecteSUS, aplicativo do Ministério da Saúde, e emitiu o certificado às 8h. Logo em seguida, às 8h01, Cid imprimiu dois arquivos com os certificados falsos.
O inquérito visava esclarecer se houve forjamento de dados nos certificados de vacinação de familiares do ex-presidente, como de sua filha, Laura Bolsonaro, de 12 anos. Em maio do ano passado, mandados de busca e apreensão foram cumpridos na casa da família e houve prisões de ex-funcionários, incluindo Cid.
Para endossar fake news sobre vacina, Bolsonaro ofereceu cloroquina para emas. Foto: rerprodução
Durante sua gestão, Bolsonaro se recusou a informar se tomou a vacina contra a Covid-19. O governo chegou a impor sigilo de até cem anos aos dados, alegando se tratar de sua vida privada.
O advogado Fabio Wajngarten, responsável pela defesa de Bolsonaro, lamentou o “vazamento” da informação do indiciamento pela PF, enfatizando que o ato deveria ser técnico e procedimental, ao invés de midiático e parcial.
Wajngarten também tentou afastar a responsabilização do ex-presidente pela fraude, mas a PF entende Bolsonaro agiu com “consciência e vontade” para fraudar os dados do Sistema Único de Saúde.
Essas informações foram incluídas pela Polícia Federal em um relatório que embasou o indiciamento do ex-presidente, Cid e mais 15 pessoas por suspeita de fraude nos cartões de vacina.
O relator do inquérito, ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu retirar o sigilo desse relatório, revelando detalhes importantes sobre o caso. Trechos do depoimento de Cid indicam que a solicitação para produzir os certificados partiu diretamente de Bolsonaro.
Fonte: DCM
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