Governador de Goiás afirmou que "O avesso da Pele", de Jeferson Tenório é promiscuidade
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, admitiu ter censurado o livro "O Avesso da Pele", do renomado autor Jeferson Tenório, sem ao menos tê-lo lido. Em uma entrevista ao UOL, Caiado fez declarações incisivas, rotulando a obra como "promiscuidade plena" e criticando seu conteúdo como inapropriado para a educação.
"Aquilo é promiscuidade plena. Não tem nada de educativo. É um absurdo. É material de revistas de promiscuidade", afirmou Caiado sobre o livro de Tenório.
Indagado pelo jornalista Josias de Souza se havia lido a obra, Caiado admitiu: "Nem tive coragem de ler. Li o pedaço que foi divulgado."
As declarações do governador surgem em meio a uma controvérsia nacional envolvendo "O Avesso da Pele". O livro, que aborda questões sensíveis como racismo estrutural e violência policial, recentemente enfrentou uma tentativa de censura em diversos estados brasileiros.
Em uma entrevista ao programa Repórter Brasil da TV Brasil, Jeferson Tenório expressou sua frustração com a situação, criticando a priorização equivocada de valores na sociedade contemporânea. Ele apontou que o incômodo gerado por palavras consideradas de baixo calão muitas vezes supera questões mais profundas, como o racismo estrutural e a violência policial.
Premiado com o Prêmio Jabuti e reconhecido internacionalmente com direitos de publicação em mais de 10 países, "O Avesso da Pele" recebeu amplo apoio de professores, intelectuais e figuras políticas após a tentativa de censura.
A editora da obra enfatizou que a censura viola princípios fundamentais da educação e da democracia, contribuindo para empobrecer o debate cultural. A repercussão do caso levou a Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul a reverter a decisão de retirar o livro das escolas.
No entanto, o embate em torno da obra continua, com uma nova tentativa de censura no Paraná. A Regional de Educação de Curitiba determinou a entrega de todos os exemplares de "O Avesso da Pele" à sede do núcleo, visando uma análise pedagógica.
Enquanto a polêmica se intensifica, fica evidente o embate entre liberdade de expressão e controle do conteúdo cultural, colocando em xeque os limites da democracia e do acesso à informação em um contexto cada vez mais polarizado.
Fonte: Brasil 247
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