sábado, 2 de março de 2024

“Abin paralela” espionou pesquisadora que ajudou a banir das redes sociais contas de aliados de Bolsonaro

 Luiza Alves Bandeira acredita que foi alvo da espionagem devido ao seu trabalho crescente no combate à desinformação nas redes que apoiavam Bolsonaro

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) implementou vigilância sobre uma pesquisadora durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), revelando-se parte de uma “Abin paralela” que monitorou Luiza Alves Bandeira. Ela coordenou um estudo que levou o Facebook a remover contas e páginas vinculadas a apoiadores do ex-presidente por disseminarem notícias falsas e ataques nas redes sociais.

A operação de espionagem foi conduzida pelo programa FirstMile, que rastreava a localização das pessoas com base nos dados de conexão de seus celulares. Em julho de 2020, o estudo de Luiza levou à exclusão de 33 contas, 14 páginas, um grupo no Facebook e 37 perfis do Instagram, todos relacionados a aliados de Bolsonaro.

No dia seguinte à divulgação do estudo, a Abin consultou a localização de Luiza por meio do FirstMile, produzindo um levantamento com foto e informações da pesquisadora, arquivado nos registros da agência. O monitoramento foi conduzido sem um plano de operação formal, violando as próprias regras da Abin.

Luiza Alves Bandeira acredita que foi alvo da espionagem devido ao seu trabalho crescente no combate à desinformação nas redes que apoiavam Bolsonaro. Ela expressou sua esperança de que as devidas medidas sejam tomadas contra quem conduziu a vigilância.

Em resposta, a Abin afirmou estar à disposição das autoridades e ressaltou que os eventos ocorreram em gestões passadas. O órgão defendeu que os casos investigados ocorreram paralelamente ao trabalho legítimo da inteligência brasileira.

O estudo coordenado por Luiza revelou que páginas nas redes sociais foram usadas para atacar adversários de Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018 e em 2019, primeiro ano de sua gestão. O Facebook justificou a remoção das contas brasileiras, destacando que eram parte de um esquema que utilizava contas duplicadas e falsas para enganar a plataforma.

O relatório da pesquisa apontou que a rede era controlada por pelo menos cinco funcionários e ex-funcionários dos gabinetes bolsonaristas, além de um assessor vinculado diretamente à Presidência. Essas engrenagens mobilizavam uma audiência de mais de dois milhões de pessoas.

Na semana passada, O Globo revelou que a Abin, por meio do FirstMile, monitorou diversos alvos, incluindo políticos, assessores parlamentares, ambientalistas, caminhoneiros, acadêmicos e aliados do ex-presidente. O processo de espionagem envolvia a inclusão do número de celular do alvo no programa, resultando na visualização da localização em um mapa.

Fonte: Agenda do Poder com informações de O Globo

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