Relatório da PF destaca a necessidade de investigar a postura de Freire Gomes e Baptista Júnior para compreender por que eles não denunciaram os planos golpistas em andamento
O relatório da Polícia Federal (PF) que embasou a Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela corporação na semana passada e que teve ex-ministros, militares, assessores e Jair Bolsonaro (PL) entre os alvos, ressaltou a necessidade de aprofundar as investigações sobre a possível contribuição, por omissão, do ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, e do da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Junior, na intentona golpista do dia 8 de janeiro do ano passado.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, afirmou que o comandante da Marinha, Almir Garnier, teria indicado apoio a um eventual golpe militar. Segundo a coluna da jornalista Andréia Sadi, do G1, apesar de Garnier ser o único dos três comandantes diretamente envolvido na operação, o relatório da PF destaca a necessidade de investigar a postura de Freire Gomes e Baptista Júnior para compreender por que eles não denunciaram os planos golpistas em andamento.
"Conforme o exposto, os fatos apresentados revelaram a adesão e participação de vários militares aos atos que estavam sendo desenvolvidos pelo grupo investigado na tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Em relação ao general Freire Gomes e ao Brigadeiro Baptista Junior os elementos colhidos, até o presente momento, indicam que teriam resistido às investidas do grupo golpista. No entanto, considerando a posição de agentes garantidores, é necessário avançar na investigação para apurar uma possível conduta comissiva por omissão pelo fato de terem tomado ciência dos atos que estavam sendo praticados para subverter o regime democrático e mesmo assim, na condição de comandantes do Exército e da Aeronáutica, quedaram-se inertes", destaca um trecho do relatório segundo a reportagem.
O documento ainda menciona o general Lourena Cid, pai de Mauro Cid, que já era investigado no contexto da venda das joias sauditas desviadas do patrimônio da Presidência. “Até então, a justificativa era de que Lourena apenas havia ajudado em uma missão recebida pelo filho. O relatório, no entanto, mostra uma troca de mensagens que revela uma preocupação com a narrativa montada pelo grupo golpista para manter apoiadores mobilizados”, ressalta a reportagem.
O Ministério da Defesa, segundo o relatório da PF, planejava divulgar um parecer sobre supostas fraudes nas urnas eletrônicas após o primeiro turno das eleições, visando sustentar a narrativa de que o processo eleitoral poderia ser fraudado. A não identificação de vulnerabilidades gerou apreensão quanto à capacidade de desmontar essa narrativa.
Mensagens trocadas entre Lourena Cid e Mauro Cid revelam a preocupação com a divulgação prematura do relatório do ComDCiber, adiada para depois do segundo turno. O documento oficial do Ministério da Defesa, por sua vez, foi ambíguo, afirmando não ser possível identificar, mas também não descartar eventuais fraudes.
Fonte: Brasil 247 com informações da coluna da jornalista Andréia Sadi, do G1
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