sábado, 17 de fevereiro de 2024

“Imagina se Bolsonaro assinasse”: PF revela interação de Cid com esposa após 8/1


Cid entrega documento para Bolsonaro assinar no Congresso. Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

 As investigações da Polícia Federal (PF) que resultaram na operação Tempus Veritatis, deflagrada em 8 de janeiro, não se limitaram ao governo Jair Bolsonaro (PL) e também avançaram sobre mensagens trocadas pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outros investigados após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Uma dessas mensagens revela o espanto do tenente-coronel diante da reação da comunidade internacional aos ataques golpistas ocorridos em Brasília, em 8 de janeiro.

Segundo a coluna de Malu Gaspar, no jornal o Globo, em uma das mensagens, Gabriela Cid, esposa do ajudante bolsonarista, compartilhou os posicionamentos do presidente da França, Emmanuel Macron, e do então dirigente da Argentina, Alberto Fernández, além de um post que aludia ao posicionamento do chefe de Estado colombiano, Gustavo Petro. “Imagina se ele tivesse assinado”, reagiu Cid.

“Ainda no fim da noite do domingo que entrou para a história do país, quando as sedes dos Três Poderes já tinham sido esvaziadas pelas forças de segurança, Gabriela encaminhou por WhatsApp prints de chefes de Estado condenando energicamente a tentativa de golpe contra Lula e prestando apoio ao presidente eleito e empossado nas redes”, destacou o relatório da PF.

Segundo a Operação, a referência ao pronome “ele” se relaciona ao ex-presidente, confirmando que o grupo investigado elaborou um documento para executar um golpe de Estado no Brasil, ainda na gestão de Bolsonaro.

O documento mencionado pela PF seria uma minuta de decreto golpista elaborada dentro do Palácio da Alvorada, com ajustes do próprio Bolsonaro, planejando prender o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, e anular o resultado das eleições que concederam a Lula seu terceiro mandato.

O tom da resposta de Cid à esposa sugere que os integrantes do núcleo do golpe no governo Bolsonaro podem ter subestimado as consequências de uma eventual ruptura democrática no Brasil na comunidade internacional.

Macron, Fernández, Petro e outras lideranças se manifestaram em defesa da transição de poder e da legitimidade do governo Lula. “Mais cedo, no decorrer das invasões em Brasília, Gabriela já tinha compartilhado registros dos ataques”, ressaltou a PF.

Na manhã do dia 8, quando a Operação Tempus Veritates realizou buscas em endereços ligados à Bolsonaro e outras lideranças de extrema-direita, a PF encontrou, na sede do PL em Brasília, um documento que sugeriria decretação de estado de sítio e garantia da lei e ordem no país. O papel não estava assinado.

PF encontra documento com argumentos para decretação do estado de sítio na sede do PL em Brasília. Foto: Reprodução

Fontes ouvidas pelo blog da Natuza Nery afirmam que o documento é uma espécie de discurso, por escrito, que argumenta que a ruptura do Estado Democrático de Direito está “dentro das quatro linhas da Constituição”, expressão frequentemente usada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O documento cita Aristóteles e afirma que a resistência a “leis injustas” é um “princípio do Iluminismo”. O texto é apócrifo, ou seja, sem validade.

“Afinal, diante de todo o exposto, e para assegurar a necessária restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil, jogando de forma incondicional dentro das quatro linhas, com base em disposições expressas da Constituição Federal de 1988, declaro o estado de Sítio e, como ato contínuo, decreto operação de garantia da lei e da ordem”, disse o parágrafo final.

Fonte: DCM

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