Presidente afirmou que as investigações sobre o 8 de janeiro deverão levar ao nome de Jair Bolsonaro: "não teria acontecido sem ele"
O presidente Lula (PT) falou nesta quinta-feira (8), durante entrevista à Rádio Itatiaia, sobre a operação da Polícia Federal que mira ex-ministros, ex-assessores e militares próximos a Jair Bolsonaro (PL). A operação faz parte da investigação que apura a tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito do dia 8 de janeiro de 2023. "É muito difícil um presidente da República falar sobre uma operação que é feita depois de uma decisão judicial, tudo correndo em sigilo até determinar que se faça busca e apreensão na casa das pessoas. Eu espero que a Polícia Federal faça a coisa do jeito mais democrático possível, que não haja nenhum abuso, que faça aquilo que a Justiça determinou que faça e depois apresente para a sociedade aquilo que eles encontraram. Eu, sinceramente, não tenho muitas condições de falar sobre uma ação da Polícia Federal, porque isso é uma coisa sigilosa, da Polícia, da Justiça, e não cabe ao presidente ficar dando palpite".
Mais à frente, o presidente cobrou investigação de todos os envolvidos na tentativa de golpe e afirmou que o 8 de janeiro não teria acontecido sem Bolsonaro. "Tem muita gente envolvida, acho que tem muita gente que vai ser investigada, porque o dado concreto é que houve uma tentativa de golpe, uma política de desrespeito à democracia, houve a tentativa de destruir uma coisa que nós construímos há tantos anos, que é o processo democrático. E essa gente tem que ser investigada. Nós queremos saber quem é que financiou, quem é que pagou, quem é que financiava aqueles acampamentos, para que a gente nunca mais permita que aconteça o ato que aconteceu no dia 8 de janeiro. As pessoas precisam aprender: eleição democrática a gente perde e a gente ganha. Quando a gente perde a gente lamenta, quando a gente ganha a gente toma posse e governa o país. O cidadão que estava no governo não estava preparado para ganhar, não estava preparado para perder, não estava preparado para sair, tanto é que não teve nem coragem de me dar posse [inaudível] chorando e foi embora para os Estados Unidos, porque ele deve ter participado da construção dessa tentativa de golpe. Eu espero que no tempo mais rápido possível a gente possa ter um resultado do que foi que verdadeiramente aconteceu no Brasil".
"Não teria acontecido sem ele [Bolsonaro]. O comportamento dele foi muito diferente, primeiro antes das eleições. Ele passou o tempo inteiro mentindo sobre as eleições, sobre as urnas, criando suspeição de uma urna que foi responsável pela eleição dele em 2018. Ele fala da urna e que a eleição foi ilegal, mas ele deveria então pedir para que todos os deputados e senadores renunciassem, porque todo mundo foi eleito no mesmo processo eleitoral, com a mesma urna. Então na verdade é uma tática que ele utilizou de criar na sociedade um descrédito. Quando você cria um descrédito, aí você pode fazer qualquer coisa. Ou seja, você desmoraliza um processo e aí você pode acabar com esse processo. E eu vou te dizer uma coisa: tem pouca coisa no mundo mais séria do que a urna eletrônica. Se ela não fosse séria, eu não teria sido o presidente da República que em todas as eleições foi o segundo ou o primeiro, porque tinha muita gente concorrendo contra mim", acrescentou.
O presidente também exigiu que Bolsonaro tenha direito ao devido processo legal. "O que eu quero é que o Bolsonaro tenha a presunção de inocência que eu não tive. O que eu quero é que seja investigado e que seja apurado. Quem tiver responsabilidade pelos seus erros que pague".
Fonte: Brasil 247
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