Estratégia consiste em negar a materialidade do crime
O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, deverá firmar em seu depoimento à Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (22), que as provas existentes sobre seu envolvimento no planejamento de um golpe de Estado até o momento não confirmam sua participação na trama.
Além disso, segundo a coluna da jornalista Andréia Sadi, no G1, Torres também irá alegar que suas declarações na reunião realizada no Palácio do Planalto em que o assunto foi abordado foram "falas infelizes" e "bravatas". A estratégia consiste em negar a materialidade do crime.
Na reunião, que foi gravada em vídeo, Torres fez duros ataques às urnas eleitorais e sugeriu o uso de uma estrutura da própria PF para atuar de maneira mais “incisiva”. “Isso tudo que o presidente [Jair Bolsonaro] falou é muito difícil de ser identificado. Os questionamentos serão feitos. A gente vai atuar de uma forma mais incisiva do que já estamos atuando. Mas acho que o mais importante é cada um entender que o momento é agora", diz o ex-ministro no vídeo encontrado pela PF no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
Ainda de acordo com a reportagem, “Torres irá insistir que não há provas de participação efetiva em reunião para tratar de minuta, nem ida a acampamentos golpistas ou procedimentos da PF para dar andamento ao golpe”.
O relatório da Operação Tempus Veritatis, contudo, destaca a centralidade das falas de Torres na reunião golpista de 5 de julho de 2022, alegando que as teses propagadas "sem compromisso com a verdade" dariam embasamento à narrativa o que, segundo a PF PF, demonstra uma "atuação com dolo, consciência e livre vontade, na produção e divulgação, por diversos meios, de narrativas sabidamente não verídicas ou sem qualquer lastro concreto".
Além disso, a PF aponta que a minuta do golpe, inicialmente considerada sem relevância por Torres, era de conhecimento de outros integrantes do governo Bolsonaro. O documento, que previa o Estado de Sítio e a decretação de uma operação de garantia de lei e da ordem (GLO), foi apreendido na casa do ex-ministro e, posteriormente, uma outra versão foi encontrada pela PF no gabinete de Jair Bolsonaro, na sede do PL, em Brasília. Bolsonaro também deverá prestar depoimento sobre o caso na quinta-feira.
Para os investigadores, Torres também é responsável por adotar medidas efetivas para a execução do golpe, incluindo uma ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para interferir no trânsito de eleitores em regiões onde Lula tinha maior intenção de votos.
Ainda segundo Sadi, “fontes ligadas ao ex-ministro e à Polícia Federal negam tratativas para delação premiada”.
Fonte: Brasil 247 com informações da coluna da jornalista Andréia Sadi, do G1
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