"Tinha muita preocupação por causa da colaboração política que ele tinha com o governo, com os partidos políticos, com o Senado e com a Câmara", relatou o presidente
Durante discurso na cerimônia de posse de Ricardo Lewandowski como ministro da Justiça, o presidente Lula (PT) detalhou a dificuldade e a "preocupação" que tinha com a saída do ministro Flávio Dino do cargo. Dino foi escolhido por Lula, e aprovado pelo Senado, para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF) e, para isso, teve que deixar o governo.
Lula afirmou que Dino fez um "trabalho extraordinário, não apenas como ministro da Justiça, mas como cidadão brasileiro, como um homem da política, como uma pessoa que conheceu a experiência das funções públicas em várias frentes e que teve um trabalho extraordinário de participar não apenas como ministro, executando aquilo que era a sua tarefa, mas participando do debate político toda vez que foi convidado à Câmara dos Deputados ou ao Senado, sem ter nenhuma preocupação em ser ofendido ou maltratado por algum deputado ou senador". "Ele cumpriu de forma magistral com a tarefa de ser ministro da Justiça", declarou.
Na sequência, o presidente relatou como foi o processo de escolher Dino para o STF e Lewandowski para o Ministério da Justiça. "Eu dizia para a Janja que muitas vezes eu deitava, e tinha que escolher o ministro para a Suprema Corte, e eu ficava pensando em quem, homem ou mulher, negro, branco, de qual estado, de qual personalidade. Isso é uma coisa que martiriza a gente. Você não pode ficar pensando em escolher amigo, em escolher companheiros. Tem que escolher alguém que possa dar conta da função. E eu confesso que tinha muita preocupação de tirar o Flávio Dino do Ministério da Justiça por causa da colaboração política que ele tinha com o governo, com os partidos políticos, com o Senado e com a Câmara".
"Eu fiquei pensando e me veio a ideia de um desafio. O Lewandowski tinha deixado a Suprema Corte. E todo mundo que deixa uma atividade pública que é de uma importância monumental mas tem um salário irreal em função da qualidade da função, quando deixa a Suprema Corte o cidadão pensa ‘agora eu vou ganhar um pouco de dinheiro, vou trabalhar em outras coisas e vou viver a minha vida com a minha esposa’. Era assim que o Lewandowski estava pensando. E eu fiquei pensando: eu não posso correr o risco de convidar o Lewandowski e ele não aceitar. E pedi uma conversa com o Lewandowski. E com muito jeito ouvi ele dizer o que estava pensando para o futuro, como é que a vida estava ficando razoável do ponto de vista da melhoria econômica dele, da credibilidade que ele conquistou nesse país, da capacidade que ele tinha como advogado de exercer sua função. E eu disse: Lewandowski, eu vou precisar de você; eu sei que é uma decisão difícil, não gostaria que você me respondesse agora. Vá para sua casa, converse com sua esposa, veja se ela concorda, porque eu não quero criar conflito na sua vida. E o Lewandowski pediu dois dias para dar uma resposta".
O presidente contou, que ao final do prazo, Lewandowski o telefonou após uma conversa com a esposa e aceitou o convite.
Fonte: Brasil 247
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